MANAUS – A conselheira Yara Lins, do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), classificou como perseguição política e tentativa de intimidação a notícia-crime apresentada pelo senador Omar Aziz (PSD-AM) contra ela, filhos, irmão e um advogado. Em nota divulgada nesta quinta-feira (15), a conselheira afirma que recebeu a medida com indignação.
A notícia-crime foi protocolada por Omar na Procuradoria Geral da República (PGR) e em outros órgãos federaIs de investigação e controle como Polícia Federal (PF), Controladoria Geral da União (CGU) e Receita Federal do Brasil (RFB).
Yara Lins afirma que a denúncia de Omar é uma “perseguição política, vazia de fundamentos jurídicos, baseada em uma narrativa fantasiosa de declarações e suposições de documentos incorretos, incompletos e de origem incerta”. O objetivo seria macular a sua imagem.
A conselheira informou que está tomando as medidas judiciais cabíveis ao caso. “Defenderei minha honra e continuarei firme na minha atuação, fiscalizando o mau uso do dinheiro público de forma implacável”, afirmou.
“Retidão é a palavra que define os meus 46 anos de vida pública. Nesses anos, combati a corrupção e a má gestão, sempre de forma a atender a legislação e os princípios da administração pública”, destacou Yara.
“Como mulher, nascida numa geração com ainda mais preconceitos que a atual, estou habituada a provar a qualidade e a correção das minhas condutas profissionais, e graças a elas alcancei, pela primeira vez na história da instituição a qual sirvo, a mais elevada cadeira, a de Conselheira e, ainda, a Presidência”, acrescenta.
“Mais uma vez travo batalhas e, como mãe de família e cristã, não me intimido. Tenho a consciência limpa, com plena confiança na justiça divina e do meu país”, completa.
Entenda
Na peça entregue à PGR, o senador detalha denúncias que ele já havia sinalizado fazer durante a CPI da Pandemia – Omar preside a comissão do Senado.
Além de Yara Lins, constam como envolvidos membros da família da conselheira, inclusive o deputado Fausto Júnior (MDB), e um advogado dela.
No documento, Omar Aziz relata ao procurador-geral Augusto Aras que membros da família de Yara e Fausto “possuem um patrimônio incompatível com os seus ganhos financeiros e vários bens que vêm sendo ocultados e subfaturados com intuito de burlar o fisco”. “Ademais, vários de seus parentes trabalham no Tribunal de Contas, caracterizando claramente nepotismo”, acrescentou.
Relator de uma CPI na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) que investigou contratos do Governo do Estado durante a pandemia, Fausto prestou depoimento na CPI do Senado no mês passado, ocasião em que foi questionado porque não indiciou o governador Wilson Lima (PSC) em seu relatório.
“Na oportunidade, o Deputado apresentou informações sobre seu relatório da CPI da Saúde onde apontou inúmeras irregularidades no Estado do Amazonas e chegou a indiciar algumas pessoas. Porém, o fato do Governador do Estado do Amazonas não ser indiciado causou muita surpresa em todos os Senadores integrantes da CPI da Covid que o interpelaram, deixando os debates acalorados”, escreve Omar a Aras.
“Diante de tal perplexidade em relação ao não indiciamento do Governador do Estado do Amazonas o notificante que é Senador da República fez uma apuração que levanta indícios do cometimento de vários crimes por parte da mãe do deputado, Fausto Junior, a Conselheira do Tribunal de Contas YARA AMAZÔNIA LINS RODRIGUES DOS SANTOS, e também de seus familiares”, acrescenta.
Na sequência, o senador detalha uma série de denúncias que comprovariam os crimes. Ele, inclusive, acusa a conselheira de atuar, no TCE-AM, em favor de empresas que deveria fiscalizar.
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