MANAUS – Ao reforçar o apelo pelo isolamento social como única forma de frear a transmissão da Covid-19 no Amazonas, o governador Wilson Lima voltou a falar na possibilidade de um “lockdown” (fechamento geral, em inglês).
Durante “live” nas redes sociais, nesta sexta-feira (17), Wilson falou sobre as ações do governo de enfrentamento à pandemia e sobre o cenário da doença no Amazonas.
“Então, é importante nesse momento que todo mundo siga o isolamento social para que nós não sejamos obrigados a tomar medidas mais radicais, como lockdown, em que todo mundo tem que ficar em casa sem sair de jeito nenhum”, disse.
Ele disse que o pico de casos da doença deve acontecer no início de maio. Segundo Wilson, até lá a morte diária de pessoas vítimas do novo coronavírus vai ser “rotina” e há o risco do sistema funerário colapsar.
“Vai chegar o momento em que o sistema funerário vai colapsar. Vai chegar um momento em que nenhuma estrutura (de saúde), nem pública e nem privada, vai poder atender a todos”, declarou.
O governador ressaltou que só o distanciamento social é capaz de amenizar a situação.
“Pensa no seu pai, pensa na sua mãe, pensa num avô, pensa numa avó. Muitos aqui já perderam algum parente ou um amigo para a Covid-19. Infelizmente, nos próximos dias, essa vai ser uma rotina na nossa vida aqui no Estado do Amazonas”, falou Wilson Lima.
O governador disse que é importante que as pessoas estejam conscientes dessa situação. “A gente não precisa esperar o pior acontecer para tomar alguma atitude, e isso os nossos profissionais e eu já vinham alertando sobre essa dificuldade que a gente vai ter. Nós caminhamos aí, para que no início de maio, nós tenhamos o pico disso aqui (a pandemia no Amazonas)”, alertou.
O discurso
Confira o trecho final do pronunciamento de Wilson Lima desta sexta-feira:
Esse é um momento muito difícil, é uma pandemia e uma situação gravíssima em que nós não temos nenhum parâmetro ou protocolo que possam ser estabelecidos ou exemplo de algumas outras situações como essa.
Talvez tivemos algo parecido em 1918, quando teve a gripe espanhola, mas tudo que a gente está fazendo agora são protocolos que nós estamos descobrindo, são tratamentos que estão sendo testados, medicamentos que estão sendo testados, mas a gente ainda não tem nada de concreto.
Os casos estão evoluindo exponencialmente. Aqui na capital nós já temos uma lotação nas unidades de saúde, estamos trabalhando para fazer essa ampliação, como hospital de campanha Nilton Lins, que nós vamos começar a receber pacientes nesse fim de semana.
Esse não é um problema só do Estado, esse não é um problema só do prefeito lá do interior, de Maués, e de outros municípios. Esse é um problema de todo mundo. E todos nós vamos enfrentar. Aliás, quem hoje não está sendo prejudicado por conta da Covi-19?
Tem muita gente que está seguindo a vida como se estivesse tudo normal, como se nada estivesse acontecendo, e não é bem isso.
Eu estou lá na ponta com os profissionais de saúde, com a equipe da Susam, tenho visto o sofrimento das famílias e a dificuldade que a gente tem enfrentado para poder garantir atendimento a todo mundo.
Hoje, a gente tem uma situação aqui na capital e logo logo isso também vai chegar no interior e vai também ser outra agonia, vai ser também outro desespero.
Então, é importante nesse momento que todo mundo siga o isolamento social, para que nós não sejamos obrigados a tomar medidas mais radicais, como lockdown, em que todo mundo tem que ficar em casa sem sair de jeito nenhum.
Vai chegar o momento em que o sistema funerário vai colapsar. Vai chegar um momento em que nem uma estrutura (de saúde), nem pública e nem privada, vai poder atender a todos.
Pensa no seu pai, pensa na sua mãe, pensa num avô, pensa numa avó. Muitos aqui já perderam algum parente ou um amigo para a Covid-19.
Infelizmente, nos próximos dias essa vai ser uma rotina da nossa vida aqui no Estado do Amazonas.
Então, é importante que as pessoas estejam conscientes a essa situação. Nós não precisamos esperar o pior acontecer para que a gente tome alguma atitude, e isso os nossos profissionais já vinham alertando sobre essa dificuldade que a gente vai ter.
Nós caminhamos aí, para que no início de maio, lá para a primeira quinzena, nós tenhamos o pico disso aqui.
Vai ser uma situação muito complicada, muito difícil e eu peço a compreensão de todos vocês.
É um momento de seguir as orientações dos profissionais da Saúde o Estado do Amazonas, que têm seguido rigorosamente todas as orientações que são dadas pela Organização Mundial da Saúde e também pelo Ministério da Saúde com relação ao isolamento social.
Estamos trabalhando muito. Eu estou com meu gabinete inclusive lá na Nilton Lins (hospital), daqui a pouco eu tô indo para lá porque esse fim de semana aquele hospital tem que começar a funcionar para receber os pacientes acometidos Covid-19.
A nossa luta agora é uma luta pela vida, é uma luta para atender a maior quantidade possível de pacientes que nos procurarem, a nossa luta é para ampliar a nossa capacidade de atendimento.
Ontem (16), inclusive, nós convocamos 200 profissionais da área de saúde que foram aprovados no concurso de bombeiros, que já entraram na escala de amanhã (18) do hospital Nilton Lins.
Nossas equipes estão virando 24 horas trabalhando, ontem à noite inclusive, estavam lá na Nilton Lins e em todas as unidades hospitalares aqui do Estado.
Mas, nesse momento, volto a repetir: é importante que cada um faça sua parte, cada um respeite o isolamento social. Fica em casa, só sai em caso de extrema necessidade.
E se você for sair, se tiver que sair, usa máscara toma as providências necessárias, higienize as mãos. Todas as vezes que você tiver oportunidade de lavar as mãos faça isso, faça disso uma rotina, porque dessa forma você vai ajudar e muito a gente a sair o mais rápido possível dessa situação que nós estamos enfrentando por conta da Covid-19.