MANAUS – O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), moderou o discurso sobre a ação da Polícia Militar (PM-AM) que resultou na morte de 17 pessoas. Em live transmitida em sua página no Facebook, na noite de quinta-feira (31), o governador admitiu que fazer segurança pública deve ir além do que matar adolescente recrutado pelo tráfico na periferia de Manaus.
“O estado do Amazonas tem o entendimento que não é só com repressão que a gente promove segurança pública. Há algumas outras ações que estão sendo adotadas pelo governo do Estado para também trabalhar na prevenção”, comentou Wilson.
O recuo ao campo da moderação e do bom senso do governador ocorre um dia depois de declarações públicas (e políticas) dele e de seus assessores do setor de segurança flertarem com o regozijo ao repercutirem a morte de 17 suspeitos de envolvimento com tráfico. Três deles eram adolescentes (14, 16 e 17 anos).
O discurso do governador de quinta-feira reconheceu que o ocorrido no bairro do Crespo, na zona Centro-Sul de Manaus, deve ser encarado mais como uma dura derrota. Como uma mostra do quanto o Estado brasileiro apequenado e bem longe de evitar que seus jovens caiam nas garras do crime organizado cada vez mais cedo.
Demonstrando na transmissão o interesse em elevar a discussão sobre o tema, saindo do senso comum do dia anterior, o governador prometeu exibir em suas redes sociais, nesta sexta-feira (1º), iniciativas do governo na área de segurança que vão além da troca de tiro entre polícia e adolescentes.
“Há algumas outras ações que estão sendo adotadas pelo governo do Estado para também trabalhar na prevenção. É o caso do que estamos implantando nas escolas, o [programa] ‘Escola Segura e Cidadã’. Inclusive, tem dado resultado muito significativo (…). E amanhã (1º), nas minhas redes sociais, vou colocar outros exemplos de trabalhos que são desenvolvidos para diminuir esse índice de violência e também trabalhar na prevenção”, disse Wilson.
O programa citado pelo governador na transmissão (Escola Segura e Cidadã) se baseia em colocar policiais militares dentro de escolas pregando junto aos alunos conceitos militares, como hierarquia. Para o governo, a iniciativa pode reduzir o índice de violência dentro e fora das escolas que são alvo do projeto. A iniciativa já é empregada em uma escola no município de Iranduba, e também em escolas da periferia da capital do Amazonas.
“A gente tem que trabalhar no combate, na repressão, e disso a gente não vai abrir mão. Mas também está trabalhando muito na prevenção, para que os nossos jovens estejam cada vez mais longe desse negócio das drogas, que é algo que tem destruído as famílias”, concluiu Wilson na live.
Pouco antes da fala do governador no Facebook, o governo divulgou a lista final com os nomes e as idades dos 17 mortos no Crespo. O mais velho tinha 29 anos. O mais novo 14 anos.
A versão oficial da polícia é que os 17 integravam uma facção criminosa. Na noite de terça-feira (29) e na madrugada de quarta-feira (30), os suspeitos estariam, todos armados, tomando uma “boca de fumo” no local, que era dominada por uma facção rival.
Segundo o governo, a polícia soube da ação por meio de denúncias anônimas da população. Chegando ao local, os suspeitos teriam reagido à ação e trocaram tiros com a polícia. Todos os 17 morreram. Nenhum policial foi ferido.
Abaixo, a lista dos mortos:
1. Bruno Cardoso Lopes, 23 anos.
2. Markleuson Batista da Silva, 18 anos.
3. Max William Sampaio da Silva Cavalcante, 29 anos.
4. Michel dos Santos Cardoso, 27 anos.
5. Alexsandro Custódio de Carvalho, 16 anos.
6. Erick Osmarino Silva Santos, 17 anos.
7. Lucas da Costa Pereira, 21 anos.
8. Eder Júlio Canto Costa Junior, 20 anos.
9. Aldair Campos Nascimento, 21 anos.
10. Vinicius Eduardo Souza da Silva, 21 anos.
11. Natanael Costa Melo, 20 anos.
12. Samuel Pinheiro Campos, 23 anos.
13. Francisco Eduardo Farias da Silva, 24 anos.
14. Eligelson Maia de Souza, 28 anos.
15. Uelinton do Nascimento da Silva Junior, 14 anos.
16. Rodrigo Rebelo Fialho, 28 anos.
17. Leácio Lucas de Oliveira, 19 anos.
