MANAUS – Sem citar diretamente o nome de Arthur Neto (PSDB), o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), disse nesta quarta-feira, 14, que o prefeito de Manaus desrespeita os próprios profissionais do município quando coloca em xeque a veracidade dos números relacionados à pandemia do novo coronavírus na capital.
Wilson lembrou que os números divulgados pelo Estado são coletados pelas equipes das secretarias de saúde dos municípios, entre elas, a de Manaus.
Nos últimos dias, na imprensa e pelas redes sociais, Arthur vem defendendo que Wilson decrete lockdown na capital, e insinuando que os números do Governo do Amazonas não refletem a realidade.
“É claro que lockdown é muito mais conveniente, porque aí você cruza os braços e aquela pessoa que mais necessita, que tem dificuldades para conseguir o alimento, aquela tem que dificuldade para conseguir o salário do mês, aquela vai passar fome. Mas esse não é o perfil do estado do Amazonas. O governo está trabalhando para recuperar as atividades econômicas e garantir a segurança necessária a todos os cidadãos”, disse Wilson.
A declaração do governador foi dada após reunião do Comitê de Enfrentamento da Covid-19 do Governo do Amazonas para tratar sobre indicadores da doença no Amazonas. A reunião ocorreu na sede do governo, localizada na avenida Brasil, bairro Compensa II, zona oeste de Manaus.
“A Prefeitura (de Manaus) contestou os números do estado. E aqui eu quero repudiar veementemente essa fala, porque isso despreza, ignora o trabalho de todos os profissionais da área de saúde que estão dedicados dia e noite a controlar a questão da pandemia e garantir assistência às pessoas”, completou o governador.
Na fala, Wilson disse ainda que Arthur defende a medida mais conveniente para o município, enquanto pouco ajuda o Estado a conter a disseminação do vírus na capital.
“E aqui quero fazer um apelo. Apesar de todo esforço que o governo do Amazonas tem feito, apesar de todas as ações acertadas, eu preciso do apoio da Prefeitura de Manaus. Se eu não tiver o apoio da Prefeitura de Manaus que faz a assistência básica, eu vou receber pacientes já em situação agravada. A OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde) esteve aqui e comprovou que o motivo pelo qual tivemos uma letalidade menor no interior foi resultado da atenção básica nesses municípios, diferente do que aconteceu aqui na capital”, declarou.
Segundo Wilson, Manaus está entre as sete capitais brasileiras que não tem um hospital público municipal.
“O hospital (municipal) de campanha que foi montado em Manaus ninguém sabe até hoje quem efetivamente montou, se foi a prefeitura, se foi um grupo de hospitais. O estado, inclusive, cedeu equipamentos para esse hospital. A Prefeitura de Manaus só para o combate à Covid-19 recebeu algo em torno de R$ 50 milhões, enquanto todas as prefeituras do país, incluindo as do Amazonas, compraram testes rápidos e fizeram essa testagem, quantos testes a Prefeitura de Manaus fez? Das 90 unidades básicas de saúde da Prefeitura, apenas 18 foram colocadas à disposição para atender casos de Covid-19, e detalhe: funcionando somente de segunda à sexta”, observou o governador.
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