MANAUS – Provocado pelo senador Eduardo Braga (MDB) a falar sobre o enfrentamento da pandemia em Manaus na primeira onda, em 2020, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta indicou que a troca de secretários de saúde no Amazonas e a desarticulação entre governo e prefeitura podem ter prejudicado o combate à Covid-19.
Na ocasião, Mandetta afirmou que o caso de Manaus merece “uma imersão” da CPI da pandemia. Para o ex-ministro, em 2020, a capital do Amazonas experimentou problemas que não se viu em outras cidades. Como exemplo, ele citou o colapso funerário.
“Naquela pandemia é mais factível analisar a performance dos governos, porque eles tinham o mesmo problema sobre a mesa e tomaram decisões diferentes com os seus técnicos. A impressão que eu tenho, senador, é que lá houve uma interrupção… Eu falava com um secretário, daqui a pouco falavam: ‘não, agora é outro, foi demitido aquele, agora vem o outro’. Aí assumiu uma secretária que não era de lá, que não conhecia a rede, não conhecia o ministério. Eu mandei para Manaus um grupo de especialistas em gestão de crise, médicos especialistas e gestão de crise para poder mediar o conflito entre prefeitura e estado. Ali me parece que vocês terão que fazer uma imersão própria para ver, porque aquilo não se repetiu em outras unidades federativas. […] Não houve falta de dinheiro e eles tomaram as decisões da compra de equipamentos”, disse Mandetta em oitiva na CPI da Pandemia, na tarde desta terça-feira (4), no Senado.
Na pergunta feita por Braga ao ex-ministro, ele questionou se faltou recursos aos estados em 2020 para combater a doença. Após a fala de Mandetta, o senador pelo Amazonas emendou: “Não faltou dinheiro, faltou competência”.
Mandetta foi demitido do Ministério da Saúde em abril de 2020. Até aquela data, o Amazonas estava no segundo secretário de Saúde no ano.
Mandetta é o primeiro ex-ministro da Saúde a ser ouvido pela CPI da Pandemia no Senado. Está prevista para esta quarta a oitiva do ex-ministro Nelson Teich.
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado