MANAUS – Em tom de desabafo e desilusão com a política, o vice-líder do prefeito Arthur Neto (PSDB) na Câmara Municipal de Manaus (CMM), coronel Gilvandro Mota (PTC), classificou o colega e líder do prefeito, Marcel Alexandre (PHS), de vaidoso, politiqueiro e enganador.
O desabafo:
“A única inconveniência, insistência, a única vaidade, o único orgulho que vejo nisso aqui é de não zelar pela Constituição, como se prometeu no momento em que se assumiu o mandato. Não tenho tanto conhecimento assim, mas tenho conhecimento razoável para compreender que esta matéria é inconstitucional, em razão da falta de competência de quem propôs essa emenda em relação à matéria. Vou até votar favorável, mas tenho convicção de que essa emenda será vetada. Mas para quem quer fazer politiquice, para quem quer fazer politicagem, para quem quer dizer para população que está lutando pelos direitos dela…, talvez isso a cada dia me distancie mais da política… Porque a gente vai de um lado, alguém está contando mentira, enganando o povo. Vai para o outro e tem alguém dizendo: ‘olha, vou fazer pra ti…’, sabendo, tendo certeza, que não tem competência para fazer isso. E a gente vai vendo o seguinte: vive na política mais tempo quem consegue enganar mais. Não que eu seja melhor que ninguém, que não sou, tenho que respeitar o posicionamento de todos, mas essa é uma clássica matéria que reverbera uma vaidade, uma politiquice, aquilo que a gente já sabe qual é o final, para dizer: ‘eu aprovei estacionamento gratuito para a população’ – e não vai ter”, disse Gilvandro.
O vereador do PTC se referia a um projeto de Marcel, aprovado na manhã de segunda-feira, 11, que proíbe que estabelecimentos como shoppings e hospitais explorem comercialmente todas as vagas disponíveis em seus estacionamentos.
A matéria altera o artigo 82 da Lei nº 1.838, de 16 de janeiro de 2014, que dispõe sobre as Normas de Uso e Ocupação do Solo no Município de Manaus.
Sou cristão
Marcel respondeu dizendo não ser enganador, mas sim cristão:
“Como legislador, não me passou em nenhum minuto este sentimento. O que me passou, coronel Gilvandro, é um apelo de cabo a rabo, de norte a sul, de leste a oeste, oriente a ocidente, que o povo não concorda em pagar as vagas obrigatórias. Nossa demanda é totalmente constitucional, se o nosso plano diretor é constitucional. Agora, se temos um plano diretor inconstitucional, até agora, dos anos que ele tem, ninguém contestou. Por isso me sinto muito tranquilo. Não estou vaidoso, não estou enganoso, não estou em palanque, para fazer desserviço para a população. Não é do meu espírito, até por ser cristão e ser uma pessoa que busca respeitar a todos”, disse Marcel, justificando o projeto.