MANAUS – No retorno do recesso parlamentar, o deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) criticou na manhã desta terça-feira, 3, as declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), de que há fraude no sistema eleitoral brasileiro e que a urna eletrônica não é auditável.
Para o parlamentar, a fala de Bolsonaro é “inconsequente” e sinaliza a intenção de golpe.
“Na minha vida disputei 16 eleições, cinco eleições eu disputei na urna de pano, perdi três e ganhei duas. Onze eleições eu disputei na urna eletrônica. Ganhei três e perdi oito. Poderia, então, ter tudo a dizer contra a urna eletrônica, já que perdi muito mais do que ganhei, mas a urna eletrônica é segura, ela é auditável, e o que o presidente da República está fazendo é criar um discurso, uma narrativa para uma tentativa de golpe”, avaliou Serafim.
Para Serafim, Bolsonaro tem a intenção de insuflar apoiadores em defesa do voto impresso e contra o judiciário, após ver sua popularidade derreter diante de uma administração fracassada no combate à pandemia do novo coronavírus.
“Quero manifestar a minha solidariedade ao ministro Luís Roberto Barroso, que prontamente respondeu e respondeu à altura, porque aquilo que vinha sendo feito era um desrespeito total à Constituição Federal e às regras do jogo. E a posição do meu partido, do PSB, daqueles que têm clareza da democracia, obviamente, é a favor da urna eletrônica. A urna eletrônica pode ser auditada a qualquer momento, testada por quem quiser chegar. Aliás, ela é testada previamente em todas as eleições”, disse o deputado.
O líder do PSB na ALE-AM lembrou que Bolsonaro foi eleito sete vezes por meio da urna eletrônica e somente agora, na iminência de uma derrota, caso dispute a reeleição, é que adota o discurso de que existe fraude.
“Então, ele quer dizer que o roubo foi a favor dele? Não creio. Em 2018, ele se elegeu em função da rejeição que havia naquele momento ao Partido dos Trabalhadores e isso é óbvio, e de conhecimento de todos. Hoje, com o fracasso do combate à pandemia, os ventos mudaram e os ventos são adversos ao presidente da República. Ele cria uma narrativa para justificar um possível golpe e fica ameaçando o Judiciário, fica ameaçando fechar o Supremo”, falou Serafim.
O parlamentar concluiu lembrando que o Brasil viveu fora do Regime Democrático por 21 anos, em referência ao golpe militar, e que não é possível assistir às ameaças do presidente sem reagir em defesa da democracia.