BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, 15, que “tinha que estar na praia numa hora dessas”, ao se referir à atuação do governo federal no enfrentamento à pandemia de Covid-19 em Estados e municípios e citar a situação de Manaus, que passa por crise em razão do aumento dos casos e mortes pela doença e dificuldades do suprimento de oxigênio para dar suporte a pacientes.
“Eu tinha que estar na praia numa hora dessas. Pelo Supremo Tribunal Federal, eu tinha que estar na praia agora, Datena, tomando uma cerveja, o Supremo falou isso para mim e o erro meu agora foi não atender o Supremo e por estar interferindo, ajudando quem está morrendo em Manaus, com cilindros, remoções, com tratamento precoce também, Manaus estava abandonada”, disse ele, em entrevista ao jornalista José Luiz Datena, do Brasil Urgente.
A afirmação relativa ao Supremo Tribunal Federal, de que ele não teria responsabilidade de agir para combater a pandemia, tem sido repetida com frequência por Bolsonaro, que procura embaralhar o que foi a decisão da corte.
Em abril do ano passado o STF garantiu a Estados e municípios poderes para tomar medidas no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, como fixar regras de isolamento social, quarentena e restrição no uso de transporte público.
Contudo, o STF também entendeu que a União tem poderes para se manifestar sobre restrições, nos casos em que há uma atribuição expressa para o governo federal. Um exemplo disso é o caso de eventual fechamento de aeroportos.
O Supremo não retirou poderes inerentes ao presidente na condução da saúde pública, mas deixou claro que Estados e municípios também tinham autoridade para gerenciar a crise.
Bolsonaro disse que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), não teriam “moral” para falar em impeachment sobre a atuação dele no enfrentamento ao Covid-19 se ele teria sido “impedido” pelo STF de fazer qualquer ação na pandemia em Estados e municípios.
Em uma entrevista coletiva ao lado de João Doria, Maia —que está de saída do cargo no início de fevereiro— disse que será inevitável discutir um pedido de impeachment contra Bolsonaro “no futuro”.