MANAUS – O gerente de jornalismo da Fundação Televisão e Rádio Cultura do Amazonas (Sistema de Comunicação Encontro das Águas), Welder Alves, publicou uma nota na sua página no Facebook, na quarta-feira (28), rebatendo as acusações de que ele e o diretor da fundação, Oswaldo Lopes, estariam fraudando emissão de diárias e exigindo que os servidores repassagem os valores a eles.
Na nota, Welder afirma que pela burocracia na emissão das diárias, o diretor bancava as despesas dos servidores nas viagens de trabalho do próprio bolso. Isso porque as diárias não são pagas pelo Estado a tempo dos deslocamentos das equipes. Quando havia o reembolso por parte do governo, na conta dos servidores, Oswaldo pedia que eles o reembolsassem.
“[…] estamos em uma emissora que não funciona no mesmo ritmo do Estado, amarrada a burocracias, a notícia, a pauta, a produção, não espera, ela acontece e não dá para esperar 15 dias para cair a diária da equipe e sair pra fazer nosso trabalho, daí o diretor que ganha mais, do seu bolso, dá pra a equipe o dinheiro que ela precisa pra se hospedar, comer e se locomover, e com a anuência e o acordo com a equipe, quando as diárias caem o justo é que este dinheiro da diária reembolse quem bancou as despesas do próprio bolso. quando sobra algum recurso, o valor fica com o colaborador, mas geralmente não sobra porque a diária custa 120 reais, 120 reais é insuficiente para você pagar hospedagem, lanchar, tomar água, almoçar, se locomover e jantar… então na maioria das vezes quem dá o recurso não é sequer reembolsado ou fica no prejuízo. Isso não é rachadinha, isso é garantir que nosso trabalho seja realizado […]”, escreveu o jornalista em um trecho da nota.
Na terça-feira (27), a jornalista Nauzila Campos, servidora da TV Pública, denunciou Oswaldo Lopes e Welder de pedir que funcionários comissionados repassem a eles valores referentes a diárias.
Segundo a jornalista, o pagamento das diárias seria programado em nome dos servidores de forma fraudulenta, e em seguida, mediante constrangimento, o diretor e o gerente de jornalismo exigem que os comissionados repassem o valor recebido a eles.
Nauzila afirma no vídeo publicado em suas redes sociais que foi vítima da investida quando assumiu uma função de chefia na TV, e que o mesmo aconteceu com outros servidores. A jornalista informa que a denúncia também já foi feita ao Ministério Público (MP-AM).
“Eles fazem rachadinha na emissora pública. Desde o ano passado, os dois programam diárias para servidores comissionados, que não podem dizer não por medo de demissão, para logo em seguida pedir o valor deles em dinheiro físico, em cash, para não deixar vestígio de transferência bancária. Minha denúncia não é brincadeira, ela foi formalizada no Ministério Público do Estado do Amazonas”, diz a jornalista em um trecho do vídeo.
Abaixo a nota de Welder Alves:
*NOTA:* Venho por meio desta nota, exercer meu direito de resposta e meu dever como funcionário público de ser transparente. Ontem, a servidora Nauzila Campos fez grave denúncia a meu respeito. Não, não fui só denunciado, fui julgado e condenado pela opinião pública diante do direito dela como cidadã de solicitar uma investigação sobre um suposto esquema de rachadinhas de diárias na Fundação Televisão e Rádio Cultura do Amazonas, Tv Encontro das Águas, com suposta participação do diretor-presidente da Funtec. Nunca toquei em um centavo que não fosse do meu suor, pelo contrário, tirei do bolso inúmeras vezes para trabalhar. Não só eu como outros diretores e, inclusive o próprio presidente, tira do bolso dinheiro para manter a emissora funcionando, infelizmente, o processo é burocrático e o imediatismo da tv não espera, se assim não fosse a emissora estaria fora do ar há anos em face do sucateamento por que ela passou no decorrer de gestões anteriores. Mas eu vou explicar aqui pra vocês o que ela chama de “rachadinha”, na verdade é um reembolso daquele diretor/colaborador que viabiliza/custea a logística, a hospedagem e a alimentação da equipe – finalidade da diária. Pra quem não sabe como funciona o sistema de diárias e passagens vou explicar. É bem burocrático. Você tem que solicitar com antecedência de 15 dias, tem que apresentar comprovantes de embarque e desembarque e ainda apresentar relatório, tudo acompanhado pelo Estado e sujeito a Controle Interno. Conforme *Decreto N. 40.691 de 16 de maio de 2019 diária é para custear “alimentação, café da manhã, almoço e janta” e “pernoite”, ou seja, é para custear as despesas*. Mas, estamos em uma emissora que não funciona no mesmo ritmo do Estado, amarrada a burocracias, a notícia, a pauta, a produção, não espera, ela acontece e não dá para esperar 15 dias para cair a diária da equipe e sair pra fazer nosso trabalho, daí o diretor que ganha mais, do seu bolso, dá pra a equipe o dinheiro que ela precisa pra se hospedar, comer e se locomover, e com a anuência e o acordo com a equipe, quando as diárias caem o justo é que este dinheiro da diária reembolse quem bancou as despesas do próprio bolso. quando sobra algum recurso, o valor fica com o colaborador, mas geralmente não sobra porque a diária custa 120 reais, 120 reais é insuficiente para você pagar hospedagem, lanchar, tomar água, almoçar, se locomover e jantar… então na maioria das vezes quem dá o recurso não é sequer reembolsado ou fica no prejuízo. Isso não é rachadinha, isso é garantir que nosso trabalho seja realizado. E quanto ao link do portal da transparência sobre o número de diárias, no meu caso no ano passado foram 24 dias e não 24 viagens, vou explicar o motivo pelo qual tive que deixar a diretoria e ir como operador de drone, roteirista, cinegrafista, repórter e até muitas vezes ainda editando: Porque temos vários profissionais salarialmente desmotivados, de um lado os celetistas sob judicie, sem direito a aumento, ganhando muitas vezes menos de um salário, e de outro lado, temos os concursados com salários congelados desde 2013 tendo que se dividir em dupla ou tripla jornada em outras emissoras/produtoras, e aí minha gente sobra pra quem está na diretoria e como cargo comissionado segurar as demandas para não deixar a emissora parar e mostrar serviço para a sociedade. Mas para encerrar, quero reiterar que nunca, em hipótese alguma participei ou fui conivente com algum tipo de esquema ilícito, pelo contrário, diante da morte do meu irmão, deixei um salário de 10 mil reais para ganhar menos 1.600,00 para ficar próximo da minha família e seguir ajudando a emissora em Brasília, aliás a denunciante passou a ocupar minha cadeira de diretor na época, depois de um mês saiu, se deu férias, e eu tive que voltar para auxiliar a Fundação no meu dever de servidor. Infelizmente, temos que refletir mais sobre o papel das mídias e dos comunicadores, é muito fácil você ir para as redes sociais e propagar suposições, espero que assim que o Ministério Público apurar, ela tenha a mesma atitude de voltar às redes para se retratar.
Welder Alves Gerente de Jornalismo
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