Por Agência Câmara |
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, voltou a falar que não foi parcial e nem infringiu nenhuma lei em sua atuação como juiz na primeira instância na Lava-Jato. Ele fala em audiência conjunta de três comissões da Câmara dos Deputados realizam a audiência: de Constituição e Justiça e de Cidadania; de Trabalho, Administração e Serviço Público; de Direitos Humanos e Minorias. Moro prestou esclarecimentos no Senado em 19 de junho.
“Como juiz na Operação Lava Jato sempre agi com correção, com base na lei, com base na imparcialidade, decidindo os pedidos apresentados, sem qualquer desvio. As minhas decisões já foram avaliadas nas instâncias superiores”, disse Moro. Segundo o ministro, a maioria (39%) de suas decisões foram mantidas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª região (TRF-4) ou mesmo aumentadas (25%).
Os deputados querem esclarecimentos sobre o conteúdo revelado pelo site de notícias The Intercept Brasil, que trouxe mensagens supostamente trocadas entre Moro, então juiz federal, e o coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol. Além de mensagens entre outros procuradores membros da força-tarefa.
Moro afirmou que não dirige nenhuma investigação da Polícia Federal sobre eventual ataque hacker aos celulares dele e de procuradores da Lava Jato, mas que apenas acompanha o caso como vítima. “A minha opinião é que alguém com muitos recursos está por trás das invasões. O que existe é uma tentativa criminosa de invalidar condenações e evitar novas investigações”, afirmou.
Segundo o ministro, não é possível recordar-se das mensagens divulgadas porque ele deletou o aplicativo em 2017. “Não reconheço, mais uma vez, a autenticidade de um material que não tenho. O que se tem presente é que não tem nada ali de conteúdo ilícito”, disse Moro.
Porém, o líder do PT, deputado Paulo Pimenta (RS), questionou se Moro manteve diálogos parecidos com a defesa e com a acusação nos processos que julgou. “O senhor falou que é trivial conversar com advogados e procuradores. Quero que o senhor cite cinco advogados que o senhor tenha conversado pelo telegram. Quero que o senhor mostre um diálogo com o senhor Cristiano Zanin (advogado de Lula)”, disse.
Inquisição
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, deputado Helder Salomão (PT-ES), Moro adotou uma postura que mistura a acusação com o julgamento. “Na Santa Inquisição quem acusa, julga. O The Intercept Brasil traz agora as luzes do Iluminismo do século XVIII”, disse.
Para o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA), está muito claro que houve atuação parcial de Moro. “Tentam erguer a Lava Jato para não se investigar o senhor. Não se deve combater o crime, cometendo outro crime”, disse. Para Jerry, o que mais prejudicou a Lava Jato foi a atuação “açodada e ilegal” do atual ministro. Jerry colhe assinaturas para uma CPI para investigar o caso.
Montanha e rato
Por outro lado, o vice-líder do governo José Medeiros (Pode-MT) afirmou que a narrativa inicial da divulgação das mensagens era a de que “o mundo iria cair”, mas acabou não acontecendo. “A grande verdade é que a montanha pariu um rato”, disse. Para Medeiros, a divulgação tem objetivos claros: a libertação do ex-presidente Lula; a desconstrução da Lava Jato; e dar uma grande derrota ao governo.