MANAUS – A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado decide nesta quarta-feira (20) se os decretos legislativos de autoria dos senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Eduardo Braga (MDB-AM) possuem constitucionalidade para sustar os efeitos do decreto presidencial número 9.934, que reduziu os incentivos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de 20% para 4% às indústrias de concentrados de refrigerantes do Polo Industrial de Manaus (PIM).
Na audiência pública para debater o assunto, realizada na terça-feira (19) pela manhã, os representantes do setor, da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e os senadores da bancada questionaram a insegurança jurídica provocada pela medida a todos os segmentos do Polo Industrial de Manaus.
Para o superintendente da Suframa, Appio da Silva Tolentino, mantido o decreto de Michel Temer “é improvável e quase impossível” que o Amazonas continue atraindo empresas para o PIM. “Isso se não contarmos com uma segurança jurídica, se nós tivermos, num único ato, a nossa competitividade diminuída, como foi nesse caso concreto”, afirmou.
A senadora Vanessa disse que a questão tributária do Brasil não seria resolvida com o fim dos incentivos para as empresas de concentrados. “O alvo foi o único modelo legal de incentivos fiscais que tem o Brasil reconhecido no mundo inteiro, reconhecido pela União Europeia, reconhecido por todos os blocos econômicos. Por quê? Porque a Zona Franca hoje não apenas propicia o desenvolvimento de uma região muito distante dos grandes centros consumidores; mas propicia a possibilidade da preservação ambiental”.
“Quando o constituinte estabeleceu a Zona Franca não o fez para beneficiar a Coca-Cola ou a Ambev. Fez para beneficiar brasileiros esquecidos e abandonados na Amazônia, sem oportunidade de emprego e renda porque a eles é proibido explorar as riquezas e recursos naturais. Em contrapartida, constitucionalizou direitos ambientais severíssimos contra quem tenta desmatar a Amazônia” afirmou o senador Eduardo Braga.
O diretor-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não-Alcoolicas (Abir), Alexandre Jobim, revelou que o decreto presidencial põe em risco 15 mil empregos diretos, o aumento da ociosidade de 35% para 50% e no valor do produto em 80%. Segundo ele, o decreto é o primeiro passo para acabar com o pacto que o Estado fez para defender a Amazônia Ocidental.
O subsecretário de Fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil, Iágaro Jung Martins, minimizou o impacto na geração de empregos no Amazonas. “Nós fizemos um levantamento em relação a todas as folhas de pagamento das empresas situadas nesse setor na Zona Franca de Manaus. São 798 empregos diretos. O total de fabricantes no Brasil é 47.502”, declarou. ; presidente da Associação dos Fabricantes de refrigerantes do Brasil (Afrebras), Fernando Rodrigues de Barros
Já o presidente da Associação dos Fabricantes de refrigerantes do Brasil (Afrebras), Fernando Rodrigues de Barros, que representa as empresas que estão fora do Amazonas, afirmou que sem o decreto “a concorrência no mercado brasileiro fica impossível”. “Eu desafio qualquer um dos senhores a empreender no mercado de bebidas”, disse.