MANAUS – Ao se defender das suspeitas do Ministério Público do Amazonas (MP-AM) que culminaram em pedido de prisão contra ele no caso de “fura-fila” da vacinação contra a Covid-19, o prefeito David Almeida (Avante) sugeriu nesta quinta-feira (28) que o órgão de controle está sendo rígido demais com a prefeitura e pegando leve com o governador Wilson Lima (PSC) pela gestão da pandemia.
Em texto publicado no site da prefeitura, David Almeida, que vai acionar a Corregedoria do MP-AM contra os autores da ação, ressaltou que nenhuma unidade de atendimento do município interrompeu as atividades, fato que, segundo ele, causa perplexidade ainda maior, visto a gravidade das acusações realizadas pelo MP-AM contra ele (peculato).
“Todos os serviços de responsabilidade da prefeitura estão funcionando. Estamos trabalhando para salvar vidas. Não tivemos interrupção nos serviços. Enquanto isso tem mais de 600 pessoas esperando por uma vaga em um hospital. Eu não vejo uma manifestação pedindo prisão de ninguém. Pessoas que já morreram por falta de oxigênio, pessoas que no ano passado desviaram recursos da pandemia. Tudo isso, e o comportamento do MP foi totalmente diferente”, finalizou ele, em referência a problemas enfrentados pela rede estadual de Saúde nas últimas semanas em razão da explosão de casos da Covid-19, a segunda onda da doença.
Sobre as nomeações dos médicos em cargos comissionados da Prefeitura de Manaus na véspera do início da vacinação, David Almeida afirmou que os dez profissionais da saúde foram contratados no último dia 9 de janeiro (os extratos foram publicados no DOM de 18 e 19 de janeiro) para trabalharem na unidade de extensão da UBS Nilton Lins, localizada no bairro Parque da Laranjeiras, Zona Centro-sul, que teve uma ala nova inaugurada no dia 12 deste mês. Os médicos recém-formados foram vacinados e também são alvos da ação do MP-AM.
Segundo David, a decisão de nomeá-los em cargos administrativos foi tomada para agilizar o processo, principalmente de início imediato das funções, visto que fazer um processo seletivo para a contratação duraria de 30 a 60 dias.
“Os médicos mais experientes, que têm idade mais avançada, não estão na frente do combate em função de pertencerem ao grupo de risco. Quem vem atuando são exatamente esses médicos jovens, que estão atendendo à população. Eles começaram a trabalhar desde o dia da inauguração da extensão da UBS. Só que as nomeações começaram a sair a partir do dia 18 de janeiro. Isso é normal. É um ato administrativo”, disse David, ao informar em seguida que, devido à pandemia, a Semsa conta com 1.346 servidores afastados, sendo 143 médicos.
“Acho que o pedido do Ministério Público extrapolou nas suas prerrogativas. Primeira vez que eu vejo alguém contratar médicos para salvar vidas e ser acusado de peculato. Vou representar sim, tenho que me defender, defender meus atos, defender os funcionários e aquilo que não estiver nos conformes, que seja apurado. Eu vou até a corregedoria do próprio Ministério Público para que sejam apuradas as condutas, porque da forma que está, parece que eu ia cometer crimes”, disse