MANAUS – O ex-governador José Melo declarou nesta segunda-feira (8) que se o senador Eduardo Braga (MDB) fosse um vírus seria o vírus da Covid-19. A declaração foi dada em entrevista a Ronaldo Tiradentes.
Cassado em 2017 por compra de votos na eleição de 2014 em uma ação movida por Braga – seu rival naquele pleito, o ex-governador declarou que foi vítima de uma “invenção engendrada” pelo antigo aliado, “que deu no resultado que ele queria”.
A declaração se dá no momento em que Braga articula sua pré-candidatura ao governo em 2022. Melo estava recluso desde a época do afastamento e da prisão pelo escândalo da operação Maus Caminhos.
“Se o Eduardo fosse um vírus, ele seria o Covid-19, porque ficava insistindo… ficava em todos os ministérios, em tudo quanto é canto. Eu não consegui governar porque ele não deixava a presidente da República me ajudar, o Governo do Amazonas, na verdade, o povo do Amazonas”, disse, em referência à época da presidência de Dilma Rousseff (PT), de quem Braga foi líder no Senado e ministro.
“Analisa o quanto o meu governo recebeu naquela crise terrível (2016)”, disse a Tiradentes, que insistiu se Melo se sentia uma vítima de Braga.
“Considero”, respondeu Melo, fazendo um resgate histórico da relação entre eles e pontuando os motivos pelos quais considera que foi vítima de Braga.
“Primeiro porque me dediquei feito um desgraçado para reelegê-lo governador contra o Amazonino, que era uma lenda”, disse.
“Segundo, ele tinha um compromisso formal comigo que iria me apoiar (candidatura de Melo ao governo em 2014)”, acrescentou.
“Terceiro, que essa história da Nair Blair foi uma enorme invenção. Engendrado por ele e acabou que deu no resultado que ele queria”, completou.
“Não existiu, nunca aconteceu (a compra de votos por Nair Blair), tanto é que ela foi absolvida”, declarou.
“Me considero uma vítima de alguém que eu confiei, que o povo do Amazonas confiou e espero que daqui para frente não confie mais”, disse.
Ao ESTADO POLÍTICO, a assessoria do senador Eduardo Braga informou que ele não vai comentar as declarações.
Saiba mais
Professor de Economia da Ufam, Melo entrou na política pelas mãos de Amazonino Mendes. Foi Secretário de Educação e do Interior.
Se elegeu deputado estadual e federal.
Foi chefe da Casa Civil no governo Braga. Saiu candidato a vice-governador de Omar Aziz (PSD) em 2010 com o apoio de Braga.
Com a renúncia de Omar em 2014, para disputar o Senado, Melo assumiu o governo com o horizonte de buscar a reeleição.
Na época, correligionário de Braga no MDB, rompeu com o Senador e acabou disputando contra ele o segundo turno das eleições.
A eleição foi tumultuada por denúncias de compra de votos. E, anos depois, o resultado foi a cassação em definitivo da candidatura de Melo.
Braga tentou novamente, dessa vez na eleição suplementar de 2017, voltar ao governo, mas foi derrotado por Amazonino Mendes.
O TSE recentemente confirmou a inelegibilidade de Melo até 2022.
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