MANAUS – Após Sergio Moro pedir demissão do cargo de Ministro da Justiça, nesta sexta-feira (24), o prefeito Arthur Neto (PSDB) tachou a decisão como mais um erro do governo Bolsonaro em plena pandemia de Covid-19.
“Sai Mandetta (Saúde), sai Moro, sairia Guedes (Economia)? É o desmonte do Brasil?”, questionou Arthur nas duas redes sociais.
Sergio Moro anunciou que pediu demissão do cargo no fim da manhã. Ele acusou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de tentar interferir politicamente na PF e, assim, ter acesso a investigações e relatórios da inteligência.
Moro disse que o estopim para a decisão foi a insistência de Bolsonaro em trocar do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, sem uma justificativa aceitável. Valeixo atuou em casos da operação Lava Jato na época em que Moro era o juiz responsável pelo caso.
Segundo o ex-juiz, Bolsonaro queria alguém no comando da PF para quem pudesse telefonar para saber as informações privilegiadas.
Apesar disso, o prefeito de Manaus descartou a possibilidade de impeachment de Bolsonaro.
Sobre um possível pedido de impeachment de Jair Bolsonaro, Arthur voltou a se posicionar contrário, afirmando que
Para Arthur Neto, não pode virar tradição do Brasil tirar um presidente em meio ao seu mandato, mas que Bolsonaro deve agir com firmeza, principalmente na área da saúde.
“O Brasil está em situação de calamidade pública, decretada pelo presidente, e durante essa situação não é para ficar demitindo seus melhores ministros, é para ter pulso de administrar sua equipe. Estamos combatendo um inimigo invisível e é momento de mostrar união e liderança, não de desmontar o governo. O Brasil é maior que o presidente Bolsonaro, é maior que eu, maior que o Moro, é maior que tudo. O Brasil resiste a tudo e um dia vai atingir seu grande destino”, disse.
Para Arthur Neto, que já foi ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, Sérgio Moro tinha papel importante dentro do atual governo, no combate à corrupção, e que tinha tudo para desenvolver um bom trabalho.
“Eu cheguei a contestar o motivo dele [Moro] largar a magistratura para assumir um ministério, mas assim ele fez. E tinha tudo para desenvolver um bom trabalho, pois ele acabou virando um símbolo do Brasil contra a corrupção. Agora veio a notícia de sua saída, pouco depois da saída do ministro da Saúde. O que o presidente está fazendo? Só fica quem é obediente? É a política da obediência que está sendo trabalhada? O presidente errou e perdeu a sua última carta efetiva de realizações, que era o ministro Moro”, avaliou o prefeito.
Bolsonaro contra ataca
À tarde, Bolsonaro fez um pronunciamento em resposta às afirmações de Moro. Cercado de ministros, negou irregularidades em seus pedidos ao então ministro. Reclamou que Moro priorizou a investigação da morte de Marielle Franco em vez da facada que o presidente levou durante a campanha. E disse ainda que Moro condicionou a troca no comando da PF à indicação a uma vaga do Supremo Tribunal Federal (STF).
No Twitter, Moro negou ter feito isso. Ao Jornal Nacional, o ex-juiz repassou prints que mostrariam que Bolsonaro queria sim interferir politicamente na PF para, inclusive, barrar investigações contra deputados bolsonaristas.