Por Agência Brasil|
Um grande número de russos busca comprar passagens aéreas para fora do país, depois de o presidente Vladimir Putin ter anunciado mobilização parcial de militares reservistas para a guerra na Ucrânia.
Os voos não demoraram a encher e os bilhetes a ficar mais caros assim que o presidente russo anunciou a decisão, nessa quarta-feira (21). Muitos têm o receio de que Putin mande fechar as fronteiras ou decida enviar civis maiores de idade para a guerra, além dos reservistas.
Os bilhetes para os voos entre Moscou e Belgrado, operados pela Air Serbia, a única transportadora europeia além da Turkish Airlines a manter voos para a Rússia, esgotaram rapidamente.
O preço dos voos de Moscou para Istambul ou para Dubai aumentou em poucos minutos e chegou a alcançar 9.200 euros para um voo só de ida em classe econômica.
O decreto de Putin estabelece que o número de pessoas convocadas para o serviço militar será determinado pelo Ministério da Defesa. O ministro dessa pasta, Sergei Shoigu, informo, entretanto, que serão inicialmente mobilizados 300 mil reservistas com experiência relevante em combate.
Esse êxodo não é, no entanto, inédito. Os cidadãos russos começaram a sair do país logo em fevereiro, quando Vladimir Putin ordenou que suas tropas invadissem a Ucrânia.
Russos expulsos da fronteira
Em discurso ontem à nação, no qual anunciou a mobilização parcial dos reservistas, o presidente lançou também uma ameaça nuclear aos inimigos da Rússia no Ocidente.
Rapidamente se espalharam pelas redes sociais relatos de pânico, com grupos antiguerra avançando com conselhos sobre como evitar a mobilização e deixar o país, apesar de os bilhetes de avião terem já atingido preços elevados devido à alta procura.
Algumas publicações alertavam que cidadãos russos eram expulsos da fronteira terrestre da Rússia com a Geórgia e que o site da empresa ferroviária estatal russa tinha ficado inacessível devido ao elevado número de pessoas que lá tentavam comprar bilhetes.
Segundo ativistas, ontem mais de 800 russos foram detidos em protestos contra a guerra em 37 cidades do país, incluindo Moscovo e São Petersburgo.
Conselho
As autoridades russas procuraram acalmar o público, assegurando que a convocação de reservistas afetaria apenas pequeno número de pessoas que se reunissem determinados critérios.
O chefe do comité de defesa da Duma, Andrei Kartapolov, garantiu que não haverá restrições adicionais aos reservistas que deixem a Rússia com base nessa mobilização de soldados pelo presidente. No entanto, o responsável aconselhou os cidadãos que dejam chamados para a guerra a não viajar para resorts na Turquia.
“Passem as férias nos resorts da Crimeia ou na região de Krasnodar (Sul da Rússia)”, pediu Kartapolov.
Grupo antiguerra sediado na Sérvia informou, entretanto, que já não há voos disponíveis para Belgrado, a partir da Rússia, até meados de outubro. As passagens aéreas para a Turquia, Geórgia ou Armênia para as próximas semanas também já terão esgotado.“Todos os russos que queriam ir para a guerra, já foram. Mais ninguém quer ir para lá!”, alertou o mesmo grupo, chamado “Russos, Bielorrussos, Ucranianos e Sérvios Contra a Guerra”.
Desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, já fugiram para a Sérvia cerca de 50 mil russos e muitos já criaram lá raízes, abrindo os seus próprios negócios, especialmente no setor da tecnologia de informação.
Os cidadãos russos não precisam de visto para entrar na Sérvia, o único país europeu que não se juntou às sanções ocidentais impostas à Rússia pela sua agressão à Ucrânia.
A ofensiva militar lançada pela Rússia na Ucrânia já causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas – mais de 6 milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.