MANAUS – O primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), foi ao Twitter nesta segunda-feira (11) registrar que “tem uma amizade fraterna” com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Sem esclarecer o contexto de sua declaração, Ramos sugeriu apenas que tentam “criar intrigas” entre ele e Lira.
O amazonense ficou na presidência do Poder ao longo da semana passada, enquanto o titular do cargo participava de um evento fora do país. “Como vice, quando em substituição, jamais me afastarei do dever de lealdade com as orientações do presidente”, escreveu.
Ramos reforçou ainda que se manterá “independente e crítico” ao governo federal, mas Lira é “o legitimado pelos deputados para gerir a Câmara” .
“Exerço meu mandato de forma independente e crítica ao governo e assim seguirei. No exercício da presidência estarei sempre vinculado às orientações dos líderes, da Mesa e do presidente”, emendou.
Há dois cenários que ajudam entender as declarações de Ramos. O primeiro é que ele já havia sinalizado, no passado recente, que no exercício da presidência da Câmara poderia aceitar um dos pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) – Ramos, inclusive, participou dos últimos atos “Fora, Bolsonaro”, exibindo entusiasmo pela pauta.
Mas, mesmo cobrado pela oposição, ao longo de uma semana completa à frente da presidência da Câmara, ele sequer esboçou ter lembrança sobre o tema.
Outro ingrediente é o possível racha entre o cacique do partido de Ramos, o folclórico Valdemar da Costa Neto, e Arthur Lira, apontado em reportagem da revista Crusoé, do site O Antagonista.
Confira abaixo um resumo sobre a reportagem (confira aqui o texto na íntegra):
Azedou a relação do presidente da Câmara, Arthur Lira, com o mandachuva do PL, Valdemar Costa Neto (foto). O desentendimento começou em maio, quando Valdemar acusou Lira de agir pelas suas costas para tentar derrubar a ministra Flávia Arruda da Secretaria de Governo. Para o lugar da pupila de Valdemar no PL, Lira tentou emplacar Celina Leão, de seu partido – em vão.
Agora, Valdemar prepara o contra-ataque. O presidente do PL participa de conversas destinadas a lançar um nome forte para concorrer à presidência da Câmara em 2023 contra Lira, candidato declarado à reeleição. Entre seus interlocutores está o ex-presidente Michel Temer, que em 2021 trabalhou pela candidatura de Baleia Rossi.
E a queda de braço entre os expoentes do Centrão não vai parar por aí. Valdemar promete entrar forte na briga para indicar um aliado à presidência da Companhia Hidrelétrica do São Francisco, Chesf. Nos bastidores, Lira já dava como favas contadas que o cargo, hoje ocupado por Fabio Lopes Alves, iria parar nas mãos de um apadrinhado dele no PP.
Avisado da cizânia entre os líderes do principal bloco de sustentação do governo, o Planalto já acionou bombeiros para conter uma possível crise. O temor é o de que, da briga, floresça algum escândalo capaz de respingar em Jair Bolsonaro. A história é pródiga em casos assim. Roberto Jefferson e o PT que o digam.