MANAUS – Presidente municipal do partido que detém a liderança do governo na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), o deputado federal Marcelo Ramos (PL) sinalizou que a legenda deve permanecer ao lado do governador Wilson Lima (PSC) durante os momentos decisivos que envolvem as revelações da operação Sangria, as investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde e o andamento dos processos de impeachment de Wilson e do vice, Carlos Almeida (PTB).
Em entrevista ao ESTADO POLÍTICO, publicada nesta segunda-feira (6), Ramos declarou que “quem quer ser governador tem que disputar eleição para governador e ganhar”, indicando contrariedade ao impeachment.
Para ele, que já foi deputado estadual e é advogado e professor de Direito Constitucional, o processo aberto na ALE-AM é “inusitado” por ser voltado, ao mesmo tempo, contra o titular do cargo no Executivo e o vice. “Não consigo encontrar legalidade nisso, no fato de ser um processo só de investigação contra os dois”, declarou.
“Parece muito mais um desejo de uma mudança na titularidade do poder do Governo do Estado do que mesmo uma preocupação com a legalidade das coisas e com a correção dos processos no governo”, afirmou.
Com um eventual afastamento de Wilson e Carlos, quem assume o governo é o presidente da ALE-AM, deputado estadual Josué Neto (PRTB).
Marcelo disse que continua pregando a pacificação entre Wilson e Josué. “Eu torço que eles coloquem o desejo de servir ao Amazonas acima das vaidades e disputas políticas deles”, disse.
Ao falar da pacificação, o deputado citou ainda o Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) e o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) como instituições envolvidas em uma briga pelo poder em meio à pandemia.
“Nós vivemos uma pandemia completamente sem coordenação, pelo contrário, nós vivemos uma pandemia em que os agentes públicos, as autoridades de quem se esperava unidade, busca de consenso, trabalho sinérgico para encontrar soluções, na verdade resolveram brigar no meio e brigar não pela pandemia, mas brigar pela disputa de poder no meio da pandemia. Era o presidente da Assembleia contra o governador, era o Tribunal de Contas brigando de um lado, o Ministério Público brigando de outro. Então, tinha conflito quando o que a população precisava era de unidade, de união”, declarou em trecho da entrevista.
Já o posicionamento do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) é o norteador da avaliação do deputado quanto ao andamento dos processos jurídico-políticos que envolvem o governo e têm sido levados à mediação do Judiciário.