MANAUS – O secretário da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Robson Silva, do Ministério da Saúde, cobrou nesta terça-feira (26) da imprensa uma cobrança maior aos prefeitos com relação às ações de assistência à população indígena no combate ao novo coronavírus.
Robson não citou nomes, mas apontou Manaus em sua fala. “É muito importante que os senhores também cobrem dos prefeitos as ações que estão sendo realizadas e que cada prefeito cuide do seu quintal. Se cada prefeito cuidar do seu quintal, tudo vai ficar bem. Em Manaus, nós temos 33 mil indígenas que precisam de ajuda, do interior a gente está cuidando”, declarou Robson.
O secretário da Sesai esteve em Manaus nesta terça-feira (26) inaugurando uma ala indígena no hospital Nilton Lins, que é mantido pelo Governo do Amazonas. Os leitos são abertos por meio de uma articulação entre os governo estadual e federal.
Prefeito de Manaus
Na semana passada, o prefeito da capital do Amazonas, Arthur Neto (PSDB), que tem feito críticas seguidas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na condução da pandemia, deu declarações na imprensa falando em genocídio de povos indígenas por falta de ação do Governo Federal.
“Temos um genocídio no nosso Amazonas, porque temos um presidente que não liga para os povos indígenas e não valoriza essa cultura. Quero denunciar esse crime contra a humanidade que acontece na minha região”, declarou o prefeito de Manaus.
Em coletiva nesta terça-feira, o secretário da Sesai classificou de “um pouco esquisito” prefeito que não cuida de sua região preocupado com outros territórios.
“Cada prefeito tem que cuidar do seu pessoal. Cada prefeito tem que cuidar da sua região. Se ele cuidou de sua região e todos estão atendidos, tudo bem, eu parto para outros municípios. Mas partir para outros municípios sem ter cuidado da sua região é um pouco esquisito. […] A gente tem iniciativas muito interessantes no Amazonas, o pessoal que construiu hospital de campanha, pessoal que está fazendo um trabalho belíssimo. Às vezes, o município olha para cima e fala: ‘Estado, presidente, me ajuda’. Tudo bem, mas vocês fez sua parte? Então, é importante esse trabalho. Vou relembrar, o SUS é tripartite. Essa mania de olhar sempre para o federal, não estou dizendo que os senhores o façam, é complicada. A gente tem que olhar como é que está aqui a casa, o Estado, o federal”, declarou Robson.
Manaus tem 13,9 mil casos de Covid-19 e 1.190 mortos.
No domingo (24), a Prefeitura de Manaus divulgou uma matéria onde o prefeito informava que o hospital de campanha municipal Gilberto Novaes, no Lago Azul, zona Norte, está de “portas abertas” para atender indígenas vítimas de novo coronavírus, causador da Covid-19. E voltou a criticar o Governo Federal.
“Nós queremos abrir as portas do hospital de campanha para atender as populações indígenas com a dignidade que o governo federal não dispensa aos índios. Eles nos dão uma herança cultural de dez mil anos e não podem desaparecer por descaso de quem quer que seja. Nós da Prefeitura de Manaus, do grupo Samel, em nome do Ricardo e do Beto Nicolau, e do instituto Transire, não vamos nos render diante de uma barbárie e vamos dar a esse povo o mesmo que todos merecem: saúde e direito à vida”, disse o prefeito no texto.
Foto: Reprodução TV Brasil