MANAUS – O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) decidiu não apoiar nenhum dos candidatos a prefeito de Manaus que avançaram para o segundo turno, no caso, Amazonino Mendes (Podemos) e David Almeida (Avante).
A decisão foi tomada pelo diretório municipal do partido no sábado (21) e divulgada nas redes sociais da agremiação nesta segunda-feira (23). Participaram da reunião representantes das tendências “À Esquerda”, “Primavera Socialista”, “Ação Popular Socialista”, “Fortalecer” e filiados e filiadas do partido.
O PSOL participou do primeiro turno integrando chapa com o Partido dos Trabalhadores (PT), encabeçada por José Ricardo, com Marklize Siqueira como vice, alcançando a terceira colocação. José Ricardo também anunciou que não apoiará nem Amazonino nem David.
“O resultado que tivemos nas urnas não nos levou ao segundo turno, mas representou um crescimento da esquerda. Por isso, temos o papel político de fazer uma análise sobre quem são as duas candidaturas que chegaram ao segundo turno e explicar por que nenhuma das duas representa os interesses da população manauara”, diz trecho da nota oficial.
Sobre Amazonino, a nota do PSOL afirma que “é o representante mais antigo da oligarquia amazonense nas disputas eleitorais e saiu do PDT por declarar apoio à candidatura de Jair Bolsonaro em 2018”. Aponta ainda que as legendas do arco partidário em torno da candidatura de Amazonino são da base de sustentação do governo Bolsonaro e/ou mantém alinhamento com o bolsonarismo.
Em relação a David, a nota lembra que ele “já se declarou como representante da linha política de extrema-direita conservadora, abomina a esquerda e reúne partidos da base aliada do prefeito Arthur Neto, do governo Wilson Lima, e do presidente Bolsonaro”. Ressalta também que, deputado, David foi apoiador do projeto “Escola sem partido” e líder do ex-governador José Melo na Assembleia Legislativa (ALE-AM).
Confira a nota do PSOL na íntegra:
2º Turno das eleições em MANAUS
Finalizado o primeiro turno das eleições o Diretório Municipal do PSOL em Manaus definiu por não apoiar nenhuma candidatura à prefeitura no segundo turno e construir oposição aos dois grupos políticos da direita que estão na disputa pelo poder executivo na capital amazonense.
No primeiro turno nosso partido atuou diretamente na construção de uma frente de esquerda que pudesse traduzir os anseios do povo manauara em busca da mudança na lógica de gestar à cidade. Nosso objetivo principal foi articular os partidos de esquerda para apresentarem nas eleições um plano de gestão que pudesse elevar à qualidade de vida do nosso povo.
Buscando cumprir esse objetivo entramos na coligação “Manaus pela vida, pelos pobres” reunindo os partidos PSOL, PT, Rede, PCB e UP que teve como representantes na disputa o José Ricardo (PT) e a Marklize Siqueira (PSOL). Esse projeto conseguiu reunir 139.846 votos, correspondendo à 14,28% dos votos válidos e chegando ao terceiro lugar na corrida à prefeitura.
Analisando esse quadro, entendemos que o PSOL tem papel fundamental na construção de uma outra Manaus e de um outro Amazonas. O resultado que tivemos nas urnas não nos levou ao segundo turno mas representou um crescimento da esquerda. Por isso, temos o papel político de fazer uma análise sobre quem são as duas candidaturas que chegaram no segundo turno e explicar por que nenhuma das duas representa os interesses da população manauara.
Amazonino Mendes, coligação “juntos podemos mais” (Podemos, PSL, Cidadania, MDB), é o representante mais antigo da oligarquia amazonense nas disputas eleitorais e saiu do PDT por declarar apoio à candidatura de Jair Bolsonaro em 2018. A coligação em torno desta candidatura reúne partidos que são base de sustentação do governo Bolsonaro e que atuaram diretamente no golpe de 2016. Vamos acompanhar o nível de alinhamento dos partidos desta coligação com a política deste governo negacionista no congresso nacional, de acordo com os dados do site congresso em foco. O Podemos, do Amazonino e do Wilker Barreto, possui 77% de alinhamento ao governo de Bolsonaro. O PSL que ficou conhecido à nível nacional como o partido do laranjal, devido à um esquema de propina envolvendo a família do atual presidente, e foi o partido por qual o Bolsonaro se elegeu presidente da república e depois se desfiliou, possui 97% de alinhamento. O Cidadania aparece com 87% de alinhamento. Por fim, o MDB aparece com 91% de alinhamento e foi o partido responsável pelo golpe de 2016.
David Almeida (Avante, PROS, PMB, PTC, PRTB, PV, DEM) já se declarou como representante da linha política de extrema-direita conservadora, abomina a esquerda e reúne partidos da base aliada do prefeito Arthur Neto, do governo Wilson Lima, e do presidente Bolsonaro. Além desses elementos foi um dos parlamentares amazonenses entusiastas do projeto de Lei “Escola sem partido” que buscava regulamentar à censura de professores e estudantes . Adicionado à isso foi líder do governo Mello e classificado pelos movimentos de professores como inimigo da educação.
O Diretório Municipal de Manaus reafirma o seu compromisso com a democratização do aparato público em todas as zonas e bairros da cidade. Ressaltamos a importância do cumprimento das metas dos planos de políticas públicas municipais. E convidamos a sociedade manauara a virem construir o PSOL para fortalecer a esquerda para 2022.
Manaus, 22 de novembro de 2020.
Diretório Municipal do PSOL Manaus