MANAUS – Em meio à onda de propostas de criação de programas municipais de transferência de renda a menos de um mês das eleições, o candidato do partido Novo à Prefeitura de Manaus, Romero Reis, se manifestou contra esse tipo de promessa, que ele classificou como populismo eleitoreiro.
“Na política o que você vê é esse populismo. Há dez dias da eleição tem candidato dizendo que vai dar R$ 180, R$ 200, R$ 300. Na minha visão é uma irresponsabilidade. É o tipo de atitude que desestrutura a gestão pública”, declarou o candidato nesta quarta-feira (4) ao ESTADO POLÍTICO.
Romero afirma que a prefeitura não terá recursos no orçamento para auxílios no ano que vem. “Aí aparece candidato dizendo que vai dar auxílio. É o bolsa emprego, é o bolsa família, é o bolsa leite. Na verdade é o bolsa voto. Temos que ter coragem de dizer! Na nossa administração vamos gerar emprego e renda. A prefeitura vai cuidar das pessoas com dignidade e respeito. As outras ações são populistas e não são a solução”, disse ele, sem citar nomes.
Quem prometeu?
Na sexta-feira (30), a 15 dias da votação do primeiro turno, o candidato Zé Ricardo (PT) anunciou que se for eleito vai criar o programa “Nosso Auxílio”, nos moldes do Bolsa Família, para atender mais de 77 mil famílias com R$ 180 mensais.
Dois dias depois, no domingo (1º), foi a vez de Capitão Alberto Neto (Republicanos), que anunciou o programa “Auxílio Emergencial Municipal”, que beneficiaria 100 mil pessoas, com o pagamento de R$ 300, em valor fixo por família, mais R$ 50,00 para cada integrante.
Nesta terça-feira (3), David Almeida (Avante) anunciou a criação do “Auxílio Manauara” caso seja eleito para atender 40 mil famílias com R$ 200 mensais.
Os três candidatos citam a crise econômica causada pelo novo coronavírus (que acarretou na alta do desemprego) e o fim dos pagamentos do Auxílio Emergencial do governo federal, em dezembro deste ano, como justificativa da necessidade de criação de um programa municipal.
Quem paga a conta?
Os prefeituráveis também citaram de onde viriam os recursos para bancar seus programas.
Zé Ricardo foi o mais específico sobre o assunto. O petista estimou o custo total do “Nosso Auxílio” em R$ 166 milhões anuais, representando 2,6% do orçamento municipal vigente.
Segundo ele, esse dinheiro será obtido por meio da “economia em atividades que não prejudiquem a população, e de combate ao desperdício”. O candidato afirmou que há gastos elevados em atividades como a coleta e a destinação do lixo, “que serão reduzidos pela Coleta Seletiva, e outras já identificadas e que serão analisadas com cuidado”.
Capitão Alberto Neto, por sua vez, se limitou a dizer que os valores do “Auxílio Emergencial Municipal” virão de um Fundo de Assistência mantido por doações, auxílios, contribuições de entidades e pessoas físicas ou jurídicas; ou por repasses e transferências de órgãos municipais, estaduais, federais ou internacionais.
Já David Almeida diz que há espaço no orçamento, de cerca de R$ 6 bilhões, para bancar os custos do “Auxílio Manauara”. Ele não citou a necessidade de enxugar outros gastos.
Novidade velha
Em 2010, o então prefeito Amazonino Mendes, hoje novamente candidato ao Executivo municipal, agora pelo Podemos, criou o Bolsa Família Municipal, inicialmente de R$ 60 para 70 mil famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico).