MANAUS – Para o economista e empresário Nelson Azevedo, vice-presidente da FIEAM e conselheiro do CIEAM, a economia do Amazonas não pode ficar refém do humor do ministro da Economia Paulo Guedes.
Na entrevista abaixo, Nelson faz observações sobre os últimos embates travados em Brasília em defesa da Zona Franca de Manaus e aponta caminhos para a economia local.
Há 52 anos, a Zona Franca de Manaus tem sido alvo de bombardeio por parte do Sudeste. A que atribuir isso?
Costumo usar duas palavrinhas que costumam andar juntas na campanha de difamação contra a ZFM: desinformação ou má-fé. Digo isso porque não se admite que a grande imprensa do Brasil seja capaz de atacar com meias verdades tantos acertos que nossa economia representa. O mundo inteiro se curva a esta economia que é capaz de gerar riqueza com um padrão invejável de sustentabilidade ambiental.
Qual a importância da votação no STF que reconheceu os créditos de IPI?
A decisão do Supremo Tribunal Federal reconheceu que as empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus têm direito ao creditamento de IPI na entrada de insumos provenientes da Zona Franca de Manaus. E isso garante que as empresas em Manaus permaneçam com incentivo fiscal em comparação a outros estados. Em outras palavras, tivemos resguardada a segurança jurídica de quem aqui trabalha.
Dá para confiar que esse assunto está superado e não será mais questionado?
De jeito nenhum. Este tem sido nosso maior defeito. Precisamos, urgentemente, procurar novas matrizes de desenvolvimento socioeconômico. Se deitar na rede, o barco pode virar e nos afogar. Temos que ter proposta para continuar com nossas vantagens comparativas. Caso contrário, o ministro (da Economia, Paulo Guedes) pode um dia acordar de mal humor e esquecer seus compromissos com nossa economia. Precisamos ficar permanentemente vigilantes.
Quais são as alternativas para o Amazonas quando se fala em novas matrizes de desenvolvimento?
Vivemos no maior estado da federação e o mais rico, certamente, em riquezas naturais. Temos que abolir o proibicionismo e desenvolver novos empreendimentos a partir de nossa Biodiversidade, por exemplo. Sem chaminés. Como fazemos há mais de meio século. Temos recursos tecnológicos para propagar espécies de alto valor agregado que podem ser cultivados em laboratório e plantados em áreas degradadas. Assim, desenvolvemos a indústria da cosméticos, fármacos, alimentos funcionais. Temos o turismo, nosso polo mineral, entre outros. Vamos continuar atentos e pensar fora da caixa.
Quais seriam os próximos passos?
Temos na Suframa um amazonense muito qualificado, formado nas Forças Armadas com a patente de coronel. Trata-se de Alfredo Menezes, que já anunciou algumas mudanças para que a Suframa, autarquia que administra os incentivos, possa liderar e articular a presença federal no rumo dessas matrizes de desenvolvimento. Assim poderemos ajudar o Brasil a gerar riqueza, fortalecer a balança comercial e proteger a floresta. Afinal, só podemos proteger um patrimônio ambiental se lhe atribuirmos uma função econômica.