MANAUS – A Polícia Federal defendeu que declarações de Wilson Lima (PSC) em redes sociais e na imprensa são suficientes para atribuir ao governador culpa e responsabilidade pela compra de 28 ventiladores pulmonares realizada pela Secretaria de Estado de Saúde (Susam).
Nas manifestações públicas, Wilson defende a legalidade da aquisição dos aparelhos. A justificativa da Polícia Federal consta no pedido de prisão do chefe do Executivo amazonense, que foi negado.
“Apenas para nos atermos as compras de respiradores, diversas manifestações públicas do Governador refletem essa posição de liderança e comando (sic)”, diz trecho da investigação destacada pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Francisco Falcão, na decisão que autorizou a operação Sangria.
“Constam dos autos vídeos e divulgações feitas pelo próprio Governador em suas redes sociais, além de entrevistas concedidas, nas quais há menção expressa às circunstâncias nas quais os equipamentos foram adquiridos, sempre negando as irregularidades amplamente apontadas pela imprensa (sic)”, aponta o MPF em outro ponto do pedido de prisão contra Wilson.
A Procuradoria Geral da República (PGR) se manifestou contra o pedido de prisão do governador. E Francisco Falcão indeferiu o pedido.
“O pleito foi, em parte, referendado pela Procuradoria-Geral da República, que se manifestou contrariamente à decretação da prisão do Governador WILSON MIRANDA LIMA […]”, destaca-se em outro trecho da decisão.
“Entretanto, a despeito de existirem fundadas razões a propósito do efetivo envolvimento do Governador do Estado do Amazonas WILSON MIRANDA LIMA nos crimes objeto da presente investigação, não se justifica a imprescindibilidade da decretação da extraordinária medida cautelar de privação de liberdade do Chefe do Executivo Estadual, ao menos neste momento”, escreve o ministro do STJ na decisão.
Wilson segue investigado.
Acusação
A PGR sustenta que houve direcionamento na compra dos 28 aparelhos da empresa FJAP por R$ 2,9 milhões. Também defende que houve superfaturamento na compra, com indício de lavagem de dinheiro.
Oito pessoas foram presas na terça-feira (30), entre eles, a secretária de Saúde, Simone Papaiz, ex-servidores da Susam e empresários. O governador foi alvo de busca e apreensão.
Por prerrogativa de foro, investigações contra governadores tramitam no STJ.
Por conta da operação realizada no Estado, o inquérito ficará por 90 dias no Amazonas, sob a responsabilidade do delegado da PF Igor de Souza Barros.
O tempo seria necessário para analisar o material apreendido no dia 30, assim como para realizar novas diligências, caso necessárias.
Outro lado
Em vídeo publicado nas redes sociais na noite de terça-feira (30), Wilson disse que é o principal interessado em esclarecer a compra e que nunca deu ordem para práticas ilícitas no governo.