Por Lúcio Pinheiro |
Em análise preliminar realizada nesta sexta-feira (22), a Polícia Federal no Amazonas identificou duas pessoas envolvidas na disseminação de um áudio falso, atribuído ao prefeito de Manaus, David Almeida (Avante).
A informação foi divulgada pela própria Polícia Federal em coletiva à imprensa, na sede do órgão, na zona Oeste de Manaus.
“Por enquanto a gente tem duas pessoas identificadas e vão ser chamadas para serem ouvidas. Claro que isso é uma investigação inicial, tivemos contato com os fatos agora, então vamos começar a investigação, ouvir essas pessoas, saber por que elas estão circulando [o áudio], de onde surgiu isso, e qual o objetivo delas com essa circulação”, disse o delegado responsável pela investigação, identificado apenas como Rafael.
O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, delegado Humberto Ramos, afirmou que a investigação vai buscar identificar e punir todos os responsáveis pelo crime. Ele lembrou que não existe anonimato do que se faz na internet.
“Não existe anonimato na internet. Qualquer tipo de montagem, fake news, utilização de inteligência artificial, de maneira indevida, com objetivo eleitoral, será investigada, e seus autores identificados e punidos”, declarou Humberto.
Um perito da Polícia Federal, identificado como Cleiton, confirmou que o áudio é uma montagem, que utilizou diversos fragmentos de falas, possivelmente com o uso de inteligência artificial.
“A gente pode constatar que se trata, de fato, de uma montagem, de outras falas, de outros áudios, simulações. Então, a gente possui ferramentas para se identificar isso de forma muito rápida. Foi essa a análise que a gente fez e vai se aprofundar até a origem desse áudio”, informou.
David Almeida reforçou que o áudio se trata de uma montagem, afirmando que jamais faria um ataque a professores, profissionais que ele diz ter uma grande admiração e respeito.
“Se vocês ouvirem o áudio, tentam colocar como se eu estivesse falando para os professores. Todo mundo sabe da minha ligação com os professores. E agora tivemos o problema com relação ao repasse do abono [do Fundeb], em função da queda das receitas do Fundeb. E exatamente aproveitando essa questão do não pagamento do abono aparece essa fala para me colocar em rota de colisão com os professores, a quem tenho o maior respeito. Inclusive fui eu que iniciou o pagamento do abono aos professores, quando fui governador interino em 2017”, disse.
O áudio
No áudio, que começou a ser compartilhado em grupos de WhatsApp na quinta-feira, 21, David estaria, supostamente, classificando os professores da rede municipal de ensino de “vagabundos” e que “querem um dinheirinho de mão beijada”.
Prefeitura não pagará abono
Na terça-feira, 19, o prefeito David Almeida informou que não haverá pagamento de abono do Fundeb aos servidores da educação este ano.
Segundo o prefeito, Manaus recebeu menos recursos federais para a Educação em 2023 do que em 2022. Com a queda de repasses, não houve sobras para compor o abono.
“Esse ano nós recebemos menos do que o ano passado. E nós não temos saldo para fazer o abono este ano. Nosso compromisso é pagar a data-base no momento adequado”, declarou David.
Consulta feita pelo ESTADO POLÍTICO no portal da transparência do Governo Federal mostra que Manaus recebeu até esta sexta-feira R$ 1,3 bilhão de recursos do Fundeb.
Segundo a secretaria, 93% dos recursos do Fundeb de 2023 foram aplicados na folha de pagamento. E os demais 7% foram aplicados nas despesas operacionais das unidades escolares.
Críticas
A Prefeitura de Manaus passou a receber críticas de vereadores de oposição e de representantes do setor de educação após o prefeito David Almeida (Avante) anunciar que não houve sobras do Fundeb para fazer o pagamento do abono, como foi feito em anos anteriores.
A vereadora professora Jacqueline disse que o pagamento do abono com recurso do fundo seria uma forma de reconhecer o trabalho que os professores fizeram ao longo do ano.
“Não se justifica, de jeito nenhum, a gente não ter esse rateio no final do ano. Os profissionais merecem esse reconhecimento, e esse reconhecimento deveria vir em forma do pagamento do Fundeb”, declarou a vereadora em suas redes sociais.