MANAUS – A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta segunda-feira (29) em Manaus, a terceira fase da operação Sangria, que investiga desvio de verbas da Secretaria de Estado da Saúde (SES-AM, antiga Susam) durante a pandemia.
Entre os crimes investigados estão organização criminosa, fraude em licitação, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro.
Estão sendo cumpridos quatro mandados judiciais de busca e apreensão expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), todos na capital.
A partir de indícios coletados nas fases anteriores da operação, os investigadores identificam que funcionários do alto escalão da Secretaria de Saúde direcionaram em favor de uma empresa investigada uma licitação para a aquisição de respiradores pulmonares, sob orientação da cúpula do Governo do Estado.
“Antes da abertura da licitação, a empresa investigada adquiriu parte dos respiradores pulmonares em outro Estado da Federação. Ato contínuo, o próprio Governo do Amazonas trouxe, mediante transporte aéreo, os equipamentos adquiridos pela empresa, custeando o frete”, diz trecho da nota da PF sobre a operação.
Segundo a PF, com a chegada dos respiradores pulmonares em Manaus, a empresa investigada, mediante acerto, repassou-os à empresa comercializadora de vinhos. Em seguida, houve a adjudicação da dispensa de licitação fraudulenta em favor da empresa distribuidora de bebidas, a qual entregou os produtos que a empresa investigada já tinha adquirido de fornecedores e o próprio Governo do Amazonas os transportou para Manaus no dia anterior à contratação da empresa de vinhos.
As triangulações realizadas entre as empresas investigadas, bem como o fretamento aéreo dos respiradores pulmonares custeado pelo Governo do Amazonas, aumentaram a margem de lucro ilícita dos investigados, conforme as investigações apontaram.
A PF destaca que no edital de dispensa de licitação é explícito que tais custos deveriam ficar à cargo da empresa contratada, e não do governo.
Os indiciados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de fraude à licitação, peculato, pertencimento a organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Se condenados, poderão cumprir pena de até 30 anos de reclusão.
Não foram divulgados nomes dos alvos nem os endereços da fase da operação deflagrada hoje.
No entanto, o ESTADO POLÍTICO confirmou que um dos endereços foi a sede da Secretaria de Estado da Saúde.
O nome da operação é uma alusão às suspeitas de que uma revendedora de vinhos tenha sido utilizada para desviar recursos públicos que deveriam ser destinados ao sistema de saúde.