MANAUS – A perda na qualidade de vida das pessoas que vivem no Amazonas é a sexta maior entre os Estados e Distrito Federal. Essa é uma das conclusões do módulo Perfil das despesas no Brasil: indicadores de qualidade de vida, da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, divulgado nesta sexta-feira (26), e que traz dois indicadores novos que medem a qualidade de vida da população. O estudo integra o conjunto de estatísticas experimentais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O índice de perda de qualidade de vida (IPQV) leva em conta moradia, acesso aos serviços de utilidade pública, saúde e alimentação, educação, acesso aos serviços financeiros e padrão de vida e transporte e lazer. O indicador vai de 0 a 1 e, quanto mais perto de zero, melhor a qualidade de vida; e quanto mais alto o índice, maior a perda de qualidade de vida.
Análise do índice de perda de qualidade de vida (IPQV)
O Amazonas apresentou a 6ª maior taxa de perda de qualidade de vida (0,216) entre as unidades da federação, obtendo resultado melhor apenas em relação ao Maranhão, Pará, Acre, Amapá e Alagoas.
No Brasil, o índice de perda de qualidade de vida (IPQV) foi de 0,158. Considerando os estratos geográficos, na área urbana esse valor foi de 0,143 enquanto a área rural foi de 0,246, ou seja, cerca de 1,7 vezes mais alto que o urbano (com maior perda de qualidade de vida) e 1,5 vezes maior que o valor para o Brasil.
Entretanto, os estratos contribuíram proporcionalmente de maneira diferente para o valor Brasil, sendo que a área urbana contribuiu com 77,1% para o valor e a rural com cerca de 23%. É importante notar, que na área rural viviam cerca de 15% da população e que essa parcela da população contribuiu com quase um quarto do valor do IPQV Brasil.
A adoção de uma “métrica comum”, como o IPQV, permite avaliar a importância de cada dimensão (moradia, saúde e alimentação, educação etc.) para as perdas da qualidade de vida. O Norte (0,225) e o Nordeste (0,209) foram as regiões que apresentaram as maiores perdas de qualidade de vida. Já o Sul (0,115) e o Sudeste (0,127) tiveram o IPQV abaixo do nacional. O do Centro-Oeste foi de 0,159.
Índice de Desempenho socioeconômico (IDS)
Após as análises de como a perda da qualidade de vida se comporta sobre algumas características das famílias e a contribuição de cada dimensão estudada para a composição do IPQV, é possível avaliar de que modo tais privações afetam o desenvolvimento de toda a sociedade. Para isso, utilizou-se o índice de desempenho socioeconômico (IDS), indicador que apresenta a capacidade de a sociedade gerar recursos e convertê-los em qualidade de vida. O IDS do Brasil, entre 2017 e 2018, foi 6,201. Entre as unidades da Federação, Distrito Federal (6,970) e São Paulo (6,869) registraram os maiores valores.
Para medir o impacto no desenvolvimento socioeconômico, também foi utilizada como referência a Renda Disponível Familiar Per Capita média, para o Brasil e para todas as Unidades da Federação.
A taxa do índice de perda de qualidade de vida do Amazonas (0,216) resultou também no 5º menor Índice de Desempenho Socioeconômico (IDS) do país (o número logarítmico 5,357 ou R$ 727,94), 21,6% menor que sua renda disponível familiar .
O Maranhão foi o Estado que apresentou o maior valor no índice de perda de qualidade de vida do Brasil, 0,260. Como esta unidade da federação também foi a que registrou a menor renda disponível familiar do país, consequentemente, o valor do desenvolvimento socioeconômico também foi o menor, R$ 555,30, representando uma redução de 26,0% em relação à renda disponível.
O Estado que apresentou a menor perda de qualidade de vida foi o de Santa Catarina, com o IPQV de 0,100. Contudo, por ter uma renda inferior ao de outros Estados, sua posição avaliada pelo progresso econômico é a quarta maior com o valor de R$ 1.765,16.
Uma forma interessante de analisar estes resultados é através da comparação entre as unidades da federação, tome-se como exemplo Pará e Alagoas.
O Pará, embora tenha um a renda disponível familiar superior a de Alagoas e até mesmo a de outros Estados como Piauí e Paraíba, teve o segundo maior IPQV do País, 0,244 o que resultou no segundo IDS mais baixo do País (R$ 639,52), 24,4% abaixo de sua renda disponível familiar. Já Alagoas, tem a segunda menor renda disponível familiar do Brasil, mas a perda de qualidade de vida registrada está abaixo de outras cinco Unidades da Federação, o que fez que o valor do seu IDS fosse R$ 654,89 (-21,8%) e acima do resultado do Pará.
Dentre as dimensões analisadas na pesquisa, o acesso a serviços financeiros e padrão de vida foi o que teve maior impacto para o resultado obtido no Amazonas do índice de desenvolvimento socioeconômico (20,1%); em seguida, foi o acesso aos serviços de utilidade pública (17,5%), e depois, moradia (16,9%). A dimensão com menor impacto no resultado foi a saúde e alimentação (13,8%).
As informações foram divulgadas pela Supervisão de Disseminação de Informações (SDI) do IBGE no Amazonas.