Por Janaína Andrade |
Em novo episódio de demonstração de racha na CMM (Câmara Municipal de Manaus), um pedido de inversão de pauta antes do pequeno expediente – espaço dedicado aos discursos dos parlamentares – gerou discussão nesta segunda-feira, 18, entre o vereador de oposição Marcelo Serafim (PSB) e vereadores da bancada de apoio ao prefeito David Almeida (Avante).
O pedido para votação de projetos de lei antes do pronunciamento dos vereadores foi feito pelo líder do prefeito na Casa Legislativa, vereador Eduardo Alfaia (PMN).
“Gostaríamos de solicitar essa inversão da pauta para que pudéssemos dar celeridade na votação de projetos que estão ficando acumulados para a gente não penalizar ainda mais os trabalhos”, solicitou Alfaia no início da sessão.
O presidente da CMM, vereador Caio André (Podemos), afirmou que esta era a intenção da Casa, mas que com o falecimento da mãe do vereador Rosivaldo Cordovil muitos parlamentares estavam participando do velório. “Mas se Vossa Excelência insistir a gente pode colocar (o pedido de inversão de pauta) em votação”, disse.
Marcelo Serafim, que é ex-líder de David na CMM e hoje integra o grupo de oposição à gestão municipal, reagiu ao pedido de Alfaia.
“É uma questão de respeito, né? Acho que tem vários colegas no velório e eu quero até lamentar algumas posturas aqui que posteriormente, fora do microfone, conversarei. Mas acho que no dia de hoje, com o falecimento da mãe de um vereador, inverter a pauta com vários colegas no velório é um equívoco. Nós não vamos ter nada de decisivo para ser votado hoje. Não vamos ter nenhum grande embate dentro do plenário para querer se aproveitar desse tipo de situação para ter maioria. Então, faço essa ponderação porque imagino que a base do governo tenha o mínimo de escrúpulo”, disparou o parlamentar de oposição.
Membros da base da David reagiram à fala de Marcelo Serafim.
“Ninguém quer se aproveitar disso. O fato de pedirmos aqui, não tem relação nenhuma com descortesia ou desqualificação com relação ao fato do velório da mãe do vereador Rosivaldo. Não tem nada a ver. Não vamos colocar as coisas dessa forma, tentar colar algo que não existe”, disse o vereador Mitoso, do MDB.
O vereador Wallace Oliveira, do DC, afirmou que Marcelo Serafim deveria refletir sobre a fala.
“Eu penso que o vereador Marcelo Serafim foi tomado de um impulso muito preocupante no momento da colocação dele. Até porque foi ele que pediu de Vossa Excelência, na última sessão, que ele foi em direção à Vossa Excelência e falou textualmente que não dava mais para sair 13 horas daqui que tinha que haver as inversões de pautas e Vossa Excelência fez o comunicado. Ninguém ali teria condições de saber o que iria acontecer. Essas colocações não podem sair colando dentro de um processo de trazer prejuízos as pessoas”, declarou.
Eduardo Alfaia voltou a se manifestar. “Eu quero lamentar a fala do nobre vereador Marcelo Serafim e a defino como uma fala infeliz, porque na verdade ele tenta atribuir à base como se fosse uma questão política, o que não é. Não vou, em nenhum momento, fazer disso um cavalo de batalha e não aceitaremos essa colocação de insensibilidade dos vereadores da base. Eu julgo que a ordem do dia é muito mais produtiva e proveitosa à cidade de Manaus, não menosprezando o pequeno expediente, mas o pequeno expediente são discursos, são falas, são opiniões de 4 minutos. A Ordem do Dia é a oportunidade do parlamento de votar, de rejeitar, de fazer discussões sobre as matérias que realmente influenciam a vida das pessoas da cidade de Manaus. Não vejo nenhuma insensibilidade nisso”, expôs Alfaia.
No final da discussão, Caio André disse que a sessão seria suspensa para que os vereadores pudessem comparecer ao velório da mãe do vereador Rosivaldo Cordovil.
“Ficou realmente acordado na semana passada que na sessão desta segunda-feira esta Mesa Diretora iria fazer a inversão da pauta, que é muita extensa e que não conseguimos finalizá-la na semana passada. Esse era o motivo. Só que aconteceu algo fora do comum e é por isso que a intenção da Mesa Diretora de inverter a pauta em conformidade com todo plenário foi devolvida em virtude disso. Acho que ficou claro para todo mundo que não houve nem aproveitamento e nem desaproveitamento. O que houve aqui foi um combinado que não poderá ser cumprido em razão de uma fatalidade”, explicou Caio André.