MANAUS – Sem citar nomes, o Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), responsável pela operação ‘Cachoeira Limpa’, deflagrada nesta segunda-feira (15), afirmou que a organização criminosa alvo da investigação financiou e elegeu um deputado estadual e um vereador da Câmara Municipal de Manaus.
A ação investiga os crimes de fraude de licitação, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, cometidos pelos investigados durante a gestão de Romeiro Mendonça (2017 a 2020), com prejuízo estimado em R$ 23 milhões.
Um dos alvos da investigação é o deputado estadual Saullo Vianna, do PTB. O vereador da Câmara Municipal de Manaus, Jander Lobato, do mesmo partido de Saullo, também é investigado pelo Gaeco. Ele foi secretário Municipal de Finanças na gestão de Romeiro Mendonça, ex-prefeito de Presidente Figueiredo.
“A organização criminosa teve início na cidade de Parintins no ano de 2010 e já foi capaz de eleger um Deputado Estadual e um Vereador na cidade de Manaus”, diz trecho da matéria divulgada pela assessoria do MP-AM na manhã desta segunda.
À Justiça Estadual, o Gaeco pediu a prisão e o afastamento de Saullo do cargo de deputado estadual. Os pedidos foram negados.
De acordo com o Ministério Público, os integrantes da organização criminosa instituíram diversas empresas que eram controladas pelo deputado Saullo Vianna. À época, o parlamentar era cunhado do então vice-prefeito de Presidente Figueiredo, Mário Abrahão, que se valeu de laranjas para a constituição do quadro societário.
Conforme o MP-AM, essas empresas custeavam despesas pessoais do parlamentar.
As investigações do GAECO estão na fase final e logo serão remetidas ao Poder Judiciário.
Outro lado
O deputado estadual Saullo Vianna disse, em nota, estar à disposição das autoridades do Amazonas. Segundo o parlamentar, nenhuma das denúncias contra ele foram comprovadas até aqui.
“Já acionei minha equipe jurídica para que tome conhecimento sobre o que está sendo investigado e possamos dar nossa total colaboração para que tudo seja esclarecido. Não abro mão de trabalhar com transparência de todos os meus atos como parlamentar. Nesse momento crítico de pandemia, sigo meu trabalho como deputado estadual ajudando as pessoas do interior e da capital”, diz o deputado em trecho da nota.
O vereador Jander Lobato, em nota divulgada nas redes sociais, também declarou estar à disposição dos órgãos de investigação e afirmou que “não houve qualquer ato ilícito” enquanto esteve no cargo de secretário Municipal de Finanças na gestão de Romeiro Mendonça.
O vereador declarou ainda que sempre respeitou os princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade.