MANAUS – O governador Wilson Lima (PSC) usou parte do seu discurso na leitura da Mensagem Governamental Anual de 2021 na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) para dar um recado aos seus críticos e teceu críticas duras ao ex-prefeito da capital Arthur Neto (PSDB).
A leitura foi feita durante sessão especial na manhã desta terça-feira (2). Wilson, por conta da pandemia, participou da solenidade de forma virtual, direto da sede do governo.
Durante a leitura da mensagem aos deputados, o chefe do Executivo faz um breve balanço da gestão no último ano e fala de ações previstas para o ano vigente. A mensagem lida, como não poderia deixar de ser, foi praticamente monotemática, focada na pandemia de Covid-19, que já matou mais de 8,2 mil pessoas no Estado.
Wilson disse ao parlamento que recebeu o governo, antes da pandemia, em situação crítica (seus antecessores foram Amazonino Mendes, David Almeida e José Melo). “O interior estava esquecido e a saúde, abandonada. Vocês sabem que na capital não era diferente”, disse o governador.
“Alguns dos que hoje cobram de mim, lá atrás não fizeram as cobranças devidas. Hoje mudaram de postura e veem a pandemia como palco político, infelizmente”, disparou, para, na sequência, mirar críticas em Arthur Neto, que foi prefeito da capital entre 2013 e 2020.
“Ano passado, a Prefeitura de Manaus simplesmente virou as costas para a pandemia. Fez de conta que não tinha nenhuma responsabilidade com a saúde dos manauaras. Das mais de 200 unidades básicas de saúde, o Executivo municipal só disponibilizou 18 para atendimento da Covid. Imaginem vocês, no momento de pandemia, onde todas as atenções estão voltadas para combater esse vírus, apenas 18 unidades básicas de saúde estavam disponíveis para esse atendimento. E detalhe: só funcionava de segunda a sexta e em horário comercial”, disse Wilson.
“O abandono da saúde é refletido no percentual de cobertura básica da saúde. Manaus tem o pior, o menor percentual de atendimento básico da saúde básica do Amazonas. O interior é a prova de que o atendimento primário previne e salva vidas”, repetiu Wilson, que já havia feito essa crítica no ano passando, quando Arthur ainda era prefeito.
“Quantas vidas teríamos salvo se o Executivo municipal tivesse feito a sua parte?”, disse, em retórica. “Enquanto famílias estavam enlutadas e profissionais da saúde continuavam lutando, exaustos, o então prefeito seguia no seu mundo onírico, vendo a crise da saúde como uma oportunidade de autopromoção, em brigas políticas e ataques, como continua até hoje. Ele e seus seguidores, que não conseguem enxergar um palmo à frente. A História vai cobrar isso”, emendou.
“Enquanto isso, nós respondemos com trabalho. Estamos avançando em um curto espaço de tempo. Mesmo assim não parece suficiente, pois nosso inimigo é muito perigoso e feroz, fez por exemplo a demanda do oxigênio crescer de maneira avassaladora”, disse o governador, que prosseguiu falando sobre o cenário da doença no Amazonas e ações governamentais tomadas por sua gestão para enfrentar a crise.
Embate
As trocas de farpas públicas entre Wilson e Arthur começaram em setembro de 2020 e desde então só se intensificaram, mesmo depois do tucano sair da prefeitura.