MANAUS – Um coronel da Polícia Militar, um ex-policial militar e um investigador da Polícia Civi foram presos ontem durante a operação Arrocho da Lei, deflagrada pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM). O trio, segundo as investigações, fazem parte de uma organização criminosa envolvendo policiais que se apoderavam de drogas de traficantes para revendê-las.
Em uma das ações, o grupo se apoderou de mais de meia tonelada de drogas da organização criminosa Comando Vermelho.
Um quarto mandado de prisão temporária não foi cumprido. Também foram cumoridos 10 mandados de busca e apreensão. A operação foi realizada em parceria com o Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) e apoio da Força Especial de Resgate e Assalto (Fera).
“O fato ainda está sob investigação, é preciso sigilo, cuidado. A regra é a publicidade, mas existem outras diligências em andamento. É uma investigação complicada, em meio a ela já temos situações de pessoas que, muito provavelmente, foram assassinadas. Inclusive, dentre os alvos dos mandados de prisão, há uma pessoa que pode ter sido eliminada, como queima de arquivo, ou vingança da facção criminosa”, explicou o promotor de Justiça Armando Gurgel, membro do Gaeco.
A operação Arrocho da Lei foi deflagrada a partir de investigações de casos de homicídios ocorridos nos meses de janeiro e fevereiro de 2021, em que as vítimas foram expostas com cartazes nos quais se dizia que o Judiciário, a Polícia e o Ministério Público sabiam que uma série de “arrochos” estava acontecendo.
Na gíria do mundo do crime, “arrocho” significa a atuação distorcida de policiais, que, no caso, ao abordar os traficantes, ao invés de efetuar prisões e apreensões de drogas estavam se apossando dos entorpecentes sem efetuar prisões.
“Estamos vendo uma situação totalmente avessa, agentes de segurança treinados, capacitados e armados para dar proteção à sociedade, temos esses agentes cometendo crimes contra a sociedade. É uma situação intolerável e nós estamos aqui para cortar na carne, porque é o Estado contra o Estado”, disse o promotor de Justiça Luiz Alberto Dantas Vasconcelos, também membro do Gaeco.
O promotor Edinaldo Medeiros destacou o fato de que a participação de um Policial Militar de alta patente, um Coronel da ativa, revela elevado potencial de dano à sociedade, por tratar-se de alguém com voz de comando, acesso a informações privilegiadas, acesso liberação de armas.
“O crime organizado é muito pior quando se insere na esfera político-administrativa, quando se insere no Estado, com a participação de agentes públicos”, disse o promotor.