Por Lúcio Pinheiro |
A “Operação Comboio”, realizada nesta terça-feira (29) pelo Ministério Público Estadual no Amazonas (MP-AM) e a Polícia Federal (PF), investiga uma suposta organização criminosa, composta por servidores públicos do setor de Segurança, que utilizava a estrutura do Estado para angariar dinheiro e bens de forma ilícita, por meio de crimes como extorsão e peculato (subtração ou desvio, mediante abuso de confiança, de dinheiro ou coisa pública).
De acordo com os investigadores, a organização criminosa é composta por policiais militares e civis que atuam na cadeia de comando da SSP-AM (Secretaria de Segurança). Segundo o MP-AM, os servidores se aproveitam de informações privilegiadas, para em seguida agir de forma criminosa para obter vantagens.
Por conta da Lei de Abuso de Autoridades, os investigadores não divulgaram os nomes dos investigados. No entanto, o procurador-geral de Justiça, Alberto Rodrigues do Nascimento Júnior, confirmou que o secretário de Segurança, General Mansur, é um dos envolvidos. Por conta disso, informou ele, o caso tramita no 2º Grau do Tribunal de Justiça, que é o foro onde deve ocorrer investigação de secretário de estado.
“Gente, por óbvio, se há um pedido do procurador-geral de Justiça, e na hora que o procurador-geral de Justiça assume essa responsabilidade, é quando há uma autoridade com prerrogativa de foro. Então, se há prerrogativa de foro, a quem cabe investigar secretário, prefeitos, deputado estadual, juízes, promotores, é o procurador-geral de Justiça. É por óbvio que se o procurador-geral de Justiça está à frente é porque há o envolvimento de alguém por prerrogativa de foro. Esse alguém é o secretário. Secretário de Segurança”, disse Alberto Nascimento.
Segundo os investigadores, nos crimes, os servidores utilizavam da estrutura da SSP-AM, como viaturas e sistema de informações. O nome da operação, segundo o MP-AM, faz menção justamente ao uso dos carros, que na execução dos crimes se deslocavam no formato de comboio.
Segundo o promotor e coordenador do GAECO, Igor Starling, não houve pedido de prisão nesta fase da operação, apenas mandados de busca e apreensão, cumpridos em Manaus (AM), Apuí (AM) e São Paulo (SP).
O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Umberto Ramos, informou que 5 pessoas estiveram na sede da PF, em Manaus, prestando esclarecimentos. Algumas foram conduzidas ou intimadas. Outras compareceram de forma espontânea.
Uma pessoa foi presa em flagrante, por posse ilegal de armas. Outras 3 também podem ser presas pelo mesmo motivo, caso não seja comprovada a legalidade da posse das armas encontradas com elas, informou a PF.
Buscas na SSP-AM
A sede da SSP-AM, na zona Norte de Manaus, foi um dos alvos da operação. Lá, segundo a PF, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em 2 gabinetes, informou a PF.
General Mansur está na secretaria de Segurança desde agosto de 2021.