MANAUS – Em referência a Fausto Junior e em tom de ameaça, o senador Omar Aziz (PSD) disse nesta terça-feira, 29, durante sessão da CPI da Pandemia, que no Amazonas prefeitos são pressionados a conseguir votos para eleger deputado ligado a membro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM).
O deputado estadual, que depôs na CPI da Pandemia nesta terça, é filho da conselheira Yara Lins, que presidiu o TCE-AM em 2018.
Sem nunca ter disputado uma eleição, Fausto Junior se filiou ao PV em 2018, disputou a eleição daquele ano e conseguiu se eleger para uma cadeira de deputado estadual do Amazonas. O estreante teve votos em 60 dos 61 municípios do Estado.
“O que nós vimos aqui hoje foi uma série de mentiras, e eu vou provar isso antes da CPI terminar, de uma pessoa que não sabe quem é a mãe, não sabe quem é a irmã, que não sabe onde o pai trabalha. Eu vou respeitar, eu não perguntei, ainda nem entrei nos detalhes. Agora mesmo já estou assinando os requerimentos. Amanhã aprovaremos a quebra de sigilo de várias pessoas, inclusive do deputado, da família, pessoas ligadas a ele. Aí o Amazonas e aqueles que estão agora me detratando vão ver quem está falando a verdade. E aí eu vou mostrar o motivo porque que o deputado não indiciou o governador do Estado do Amazonas. E o motivo é muito, muito grande. Aí vocês vão ver como é que estão elegendo deputado, prefeitos sendo pressionados a dar votos para pessoas ligadas a gente do Tribunal de Contas [do Amazonas]. Qualquer deputado federal do meu Estado, qualquer deputado estadual do meu Estado, qualquer senador sabe disso. Mas isso é outro detalhe, não é o escopo da CPI. O escopo da CPI é que o deputado Fausto Junior não indiciou o governador porque há por trás disso muitas coisas que o Amazonas vai descobrir, e o Tribunal de Contas [do Amazonas] e a PGR vai ter que tomar providências”, disse o presidente da CPI da Pandemia.
O Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) é responsável por julgar as contas de prefeitos.
A reportagem fez contato com a assessoria de Fausto Junior. O texto será atualizado em caso de retorno.
Durante a sessão, Fausto Junior foi pressionado pela oposição e a base de Jair Bolsonaro a dizer porque em seu relatório na CPI da Saúde da ALE-AM, em 2020, não pediu o indiciamento do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC).
Com articulação de Braga e da base de Jair Bolsonaro, Fausto Junior foi convocado para depor em uma tentativa de jogar responsabilidade exclusiva ao Amazonas pela crise da saúde no Estado durante a pandemia, sobretudo na segundo onda. Essa é uma das estratégias dos governistas para tentar minimizar o desgaste do presidente na CPI.
No entanto, Fausto Junior acabou saindo da sessão com a pecha de aliado de Wilson. E tendo pontos sensíveis da atuação política e pessoal da família dele expostos em rede nacional.
“O depoimento de hoje não contribuiu em absolutamente nada”, lamentou o líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), ao final da sessão.