MANAUS – A criação do partido União Brasil, anunciada nesta quarta-feira (6), coloca dois expoentes do novo partido no Amazonas em uma situação no mínimo curiosa, mas que já vinha se desenhando mesmo antes da fusão entre DEM e PSL.
Integrantes da gestão David Almeida (Avante) na Prefeitura de Manaus, Pauderney Avelino e Marcos Rotta agora, oficialmente, estarão ao lado de Amazonino Mendes, com quem David disputou um segundo turno “feroz” em 2020.
Pauderney é secretário de Educação e Rotta, além de vice-prefeito, chefia a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf).
Quando era líder do DEM no Amazonas e a fusão com o PSL não estava definida, Pauderney já tinha confirmado ao ESTADO POLÍTICO que havia tratativas para filiar Amazonino na sigla para disputar o Governo do Amazonas em 2022.
Amazonino e Pauderney são amigos e estiveram juntos no partido quando ele ainda se chamava PFL. Eles romperam politicamente (Amazonino foi para o PTB e, depois, para o PDT e atualmente estava no Podemos), mas posteriormente retomaram o diálogo.
Rotta também é próximo de Amazonino. Ele, após romper com Arthur Neto (PSDB), foi secretário de Região Metropolitana (SRMM) em 2018, durante a última e curta gestão de Amazonino no governo.
A proximidade de aliados do primeiro escalão de David com Amazonino pode, no final das contas, passar a imagem de que o ex-adversário do prefeito em 2020 será o candidato apoiado por ele em 2022, ainda que não oficialmente.
Pauderney faz a ‘ponte’ com Amazonino
Partido tradicional e mais programático da direita brasileira (oriundo da extinta Arena), o DEM de Pauderney e Rotta precisava, nacionalmente, da fusão para não “sumir” política e eleitoralmente, dada a perda de filiados para o bolsonarismo e por conta das novas regras eleitorais.
Na nova conjuntura definida pela fusão, que ainda depende de aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Pauderney, que presidia o DEM no Amazonas, foi alçado a membro do Estado na Executiva Nacional do União Brasil.
“O União Brasil tem um projeto forte para o Amazonas, inclusive com a candidatura para governador. Estamos conversando com o ex-governador Amazonino Mendes através da pessoa de Pauderney Avelino, com o objetivo de agregar ao máximo nossos horizontes”, declarou ontem o presidente nacional do DEM, ACM Neto, apontado como o principal articulador da fusão.
Curiosidade 1
O partido, no discurso, foi criado com o objetivo de se dissociar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e engrossar o discurso da “terceira via” em 2022. No entanto, Amazonino, ex-militante comunista na juventude que participou do momento contra a Ditadura Militar, cedeu aos encantos eleitorais do bolsonarismo em 2018 e até ensaiou a dobradinha “Bolsonino” em santinhos da campanha.
Curiosidade 2
Um fato que reforça o caráter de oposição do partido ao prefeito de Manaus é o ingresso de Amom Mandel. O vereador é um dos mais críticos da gestão David na Câmara Municipal.
Curiosidade 3
Antes da Semed, Pauderney foi secretário da gestão do atual governador, Wilson Lima (PSC), outro adversário de Amazonino, contra quem o cacique deve tentar disputar o segundo turno em 2022.
E os bolsonaristas locais?
Ainda não ficou claro qual será o destino dos deputados Delegado Pablo, que presidia o PSL no Amazonas, e Delegado Péricles. O PSL também abriga o vereador Diego Afonso, de Manaus.
Por hora, a fusão só colocou nos holofotes Pauderney, Amazonino e Amom Mandel.
E Wilker Barreto?
Ao anunciar saída do Podemos, em julho, o deputado Wilker Barreto, candidato a vice na chapa de Amazonino em 2020, disse que seguiria para qual partido o cacique migrasse. Ele ainda não fez anúncio de filiação ao União Brasil.
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