MANAUS – Lançado pré-candidato a prefeito de Manaus na manhã desta sexta-feira (31), o deputado estadual Ricardo Nicolau (PSD) disse que pretende fazer uma campanha “pé no chão”, sem “ideias mirabolantes”. Durante a coletiva de imprensa concedida na sedo do Partido Social Democrático em Manaus, o deputado disse querer aproveitar sua experiência em gestão para reorganizar a máquina municipal.
Para justificar que tem experiência, Nicolau lembrou que geriu o Hospital de Campanha Municipal durante o ápice da pandemia e que co-dirige o grupo Samel. Ele também destacou que foi presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) no biênio 2011-2012. No quinto mandato como deputado estadual, Nicolau ressaltou ainda que também foi vereador e diretor do extinto Hospital e Pronto-Socorro dos Acidentados.
“Desde 1986 eu vivo o dia a dia da política amazonense”, disse o agora pré-candidato, de 44 anos de idade. “E chegou a hora, chegou o momento de eu colocar à disposição da sociedade manauara a minha experiência parlamentar, a minha experiência empresarial em gestão e poder disponibilizar, junto com outros partidos e muitos outros companheiros, apresentar uma solução e apresentar um momento diferente para a cidade de Manaus, demonstrar que é possível sim fazer gestão de qualidade e é possível sim fazer algo diferente ao futuro da nossa cidade”, completou ele, que estava acompanhado do irmão mais novo, o vereador Hiram Nicolau, e do deputado federal Sidney Leite, ambos do PSD.
Em seu discurso inicial, o pré-candidato disse que Manaus tem grandes desafios na reestruturação econômica. Ele projeta que, com o fim da pandemia, o governo federal vai deixar de enviar recursos de grande monta aos estados e municípios. “Daí a necessidade de se inovar, daí a necessidade de ter uma gestão eficiente para suprir as necessidades, poder reduzir custos e enfrentar os seus problemas”, argumentou.
“Nós estudamos muito ao longo dos anos a nossa cidade a cidade de Manaus, estudamos condições financeiras de serviços de estrutura da cidade de Manaus. Muitas vezes um candidato ou pré-candidato ele assume uma campanha desconhecendo o que ele possivelmente poderá assumir e a primeira desculpa é ‘olha eu não sabia que era. Não, eu estudei as possibilidades de finanças do município, estudei as secretarias, estudei a área da saúde, estudei o que está sendo feito na educação, na mobilidade urbana na infraestrutura, sei que é possível fazer uma redução no custeio, para se sobrar dinheiro para investimentos importantes para a cidade de Manaus”, afirmou.
Além de investimentos prioritários em infraestrutura e mobilidade urbana, Nicolau listou a segurança pública como o setor que merece a atenção do poder municipal, embora não seja uma obrigação dessa esfera do Executivo. “Mas é uma obrigação moral do gestor municipal poder trabalhar para resguardar a vida dos amazonenses, a vida dos manauaras”, declarou.
O pré-candidato disse que seu plano será construído de maneira coletiva, ouvindo os vários segmentos da sociedade.
“A partir de agora nós vamos colocar só o nosso nome (na disputa eleitoral), nossa experiência, as nossas histórias, mas também poder buscar um programa de verdade nada mirabolante”, disse.
“Às vezes, você traz marqueteiros de fora que faz uma campanha artificial, campanha até bonita do ponto de vista de marketing, mas uma campanha que não retrata as necessidades que não retrata a situação atual da cidade de Manaus”, exemplificou.
“Nós queremos fazer uma campanha pé no chão uma campanha que busca soluções viáveis e que tenha condições de implementar”, finalizou Nicolau.
Projetos
Questionado sobre os principais problemas da capital hoje, Nicolau destacou a mobilidade urbana, a saúde e a segurança. Para ele, é importante colocar o setor da segurança “no ano de 2020”. “A segurança pública está como estava cem anos”, declarou.
“E principalmente, nesse pós-pandemia, fazer uma reestruturação da economia, um fortalecimento da Zona Franca de Manaus, mas criar alternativas viáveis para o fortalecimento da economia. Nós perdemos 14 mil empregos agora de acordo com o Caged e perdemos centenas de milhares de comércios informais e de trabalhadores informais. Há uma perspectiva de se trabalhar ativamente nessa reestruturação econômica da cidade para poder trazer as tendências do setor privado para o setor público, para torná-lo eficiente e trazer as verdadeiras soluções que Manaus precisa e merece”, completou.
Sobre a saúde, ele disse que a pandemia demonstrou a fragilidade do sistema. O prefeiturável sugere que é preciso ampliar cobertura da atenção básica médica e odontológica. Ele sugere ainda a criação de um hospital municipal para ajudar a dar vazão à fila de cirurgias e ampliação dos leitos de maternidade.
Ao voltar a responder questionamento sobre o transporte coletivo, ele disse que talvez o modal BRT não tenha viabilidade econômica “e faria com que a passagem de ônibus tivesse que aumentar muito e não atendesse a sociedade”. Nicolau defendeu a reavaliação da faixa azul e pequenas intervenções em sinais para melhorar o fluxo do trânsito.
Para a juventude, o pré-candidato estuda a criação de um pré-vestibular gratuito e a reformulação do Bolsa Universidade.
“Para você conseguir vencer o desemprego precisa ter alternativas econômicas, mas nós precisamos ter pessoas preparadas. Como nós vamos falar em um turismo forte se nós não tivermos pessoas preparadas para atender nosso turista? Então, esse intercâmbio e a juventude, o trabalho da juventude será fundamental”, declarou.
O saneamento da capital ele classificou como vergonhoso. “O saneamento básico pode até não dar voto, mas ele é dá qualidade de vida, ele traz futuro melhor”, disse. “Existe um contrato com uma companhia e é preciso fazer com que esse contrato seja cumprido e que é preciso fazer com que as metas possam ser cumpridas”, acrescentou.
Alianças
Nicolau disse na coletiva estar aberto a dialogar com qualquer partido ou grupo político para eventuais alianças, mas descartou Amazonino Mendes (Podemos), pelo menos a possibilidade de abrir mão de sua candidatura para apoiar o cacique, que para ele já teve a chance de mostrar a que veio.
“Eu não apoiaria, porque não acredito que ele possa trazer algo diferente. Ele já demonstrou nas prefeituras que ele já participou e na última situação em que estava na cidade de Manaus que ele sequer foi candidato à reeleição”, disse.
“Quanto aos apoios políticos, nós vamos construir isso com todos os partidos. Eu não sou daqueles que gostam de apontar na cara das pessoas ou vetar A ou B, nós vamos conversar com todos os partidos. Vamos ver quais são as propostas”, disse.
Heranças
Aliado do atual prefeito, Arthur Neto (PSDB), na maior parte do mandato do tucano, Nicolau evitou fazer críticas contundentes à gestão dele. Político, disse que é preciso aproveitar o que deu certo de outras gestões e repensar as estratégias para o que não deu.
“Acho que nós precisamos dar continuidade àquilo que foi bom para a sociedade, aquilo que teve um bom resultado, e dar continuidade e até dando crédito, porque na política isso atrapalhou muito o desenvolvimento do nosso país. Sempre acontecia a obra que era do fulano ficava parada e não era terminada, aquele programa que era do fulano não era terminado. Eu acho que nós precisamos, em Manaus, no Brasil, precisamos reorganizar e defender aquilo que está dando certo, melhorar, aprimorar. Eu dei o exemplo do Bolsa Universidade: o que o Bolsa Universidade era em 2008 hoje em dia. É diferente, precisa colocar outros mecanismo e assim poder fazer em todas as áreas”, disse ele, oa citar novamente o programa criado na gestão Amazonino (2009-2012).
O papel de Omar
Ao longo de suas falas, ele reforçou o apoio da Executiva Nacional do PSD para o processo eleitoral e poucas vezes citou a direção estadual, comandada pelo senador Omar Aziz. E agradeceu a Sidney Leite, que almejava ser candidato, mas abriu mão em nome da unidade partidária.
Questionado, ele disse que não há divergências com Omar. O senador, disse ele, só não compareceu ao evento de lançamento da pré-candidatura do PSD à Prefeitura de Manaus porque está com medo de se contaminar e pegar Covid-19.
“O partido (a nível estadual) tem 62 diretórios para cuidar. Nós estamos construindo um caminho em Manaus e graças a Deus, eu agradeço muito o presidente Kassab (Gilberto, presidente nacional do PSD) por ter afiançado e por ter colocado a candidatura em Manaus como prioridade nacional do PSD. Então, eu tenho um bom relacionamento com executiva nacional, estadual e liberdade e autonomia para construir uma coligação e construir um caminho que nós acharmos necessário” disse.
“O medo, quando é uma pessoa que tem receio não quer dizer que ele seja medroso, ele tem cuidado, prevenção, e o senador Omar está no momento de quarentena, está no momento de resguardo inclusive para sua saúde. Mas, repito, nosso relacionamento tanto a nível nacional, estadual sempre foi de muita liberdade de muita autonomia e nós temos autonomia de fazer com que o PSD Manaus, com que o diretório possa comandar e pilotar o processo eleitoral, eu não vou ser copiloto ou eu não vou ser pilotado por qualquer uma outra pessoa, nós vamos ter a independência de apresentar e propor o que nós desejamos para nossa cidade e isso eu não vou arredar um milímetro. Se isso depender de apoio futuros, eu não terei esses apoios”, disse.
Foto: Fotos: Marcelo Cadilhe