MANAUS – O deputado federal Marcelo Ramos (PL) avalia que a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança gerará uma crise política e institucional “que precisa ser rapidamente superada para que não dispersemos os esforços do combate ao coronavírus e preservação da vida dos brasileiros”.
Em pronunciamento, nesta sexta-feira (24), Moro anunciou que pediu demissão do cargo ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O estopim, segundo ele, teria sido a insistência do presidente em trocar do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo, sem uma justificativa aceitável.
Na coletiva, entre outras coisas, Moro disse que Bolsonaro quer interferir politicamente na PF e ter acesso a investigações e relatórios da inteligência. Segundo o ex-juiz, Bolsonaro queria alguém para quem pudesse telefonar para saber as informações privilegiadas.
Ao parafrasear um amigo, no Twitter, o deputado Marcelo Ramos disse que Moro não deu uma coletiva. “Ele fez uma delação premiada! Um ministro dizer que o presidente trocará o Diretor da PF por ter interesse de interferir em inquéritos é muito grave”, publicou.
“O Chefe do Executivo obstruir e interferir em inquéritos é crime”, afirmou Ramos.
Exoneração
Sobre a exoneração de Valeixo, que levou sua assinatura no Diário Oficial da União (DOU), Moro disse não assinou o decreto e que a retirada não foi a pedido.
Moro declarou que não tinha condições de permanecer no MJ “sem condições de trabalho” e que a atitude do presidente em querer trocar na marra a direção da PF foi uma violação da promessa que ele recebeu para aceitar o cargo: que teria carta branca para agir.
O ex-juiz da Lava Jato lembrou que deixou para trás duas décadas de magistratura sabendo que isso poderia acontecer e que agora vai descansar um pouco, mas disse que “sempre estará à disposição do país”.