MANAUS – Assessores do Ministério da Justiça e Segurança Pública participaram, no primeiro semestre, de duas audiências com Luciane Barbosa Farias, esposa de Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, líder da facção criminosa Comando Vermelho no Amazonas.
Segundo reportagem do Estadão, Luciane, conhecida como a “dama do tráfico amazonense”, esteve no prédio da pasta no dia 19 de março, para audiências com Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos de Flávio Dino, e em 2 de maio, quando se encontrou com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
O Ministério da Justiça admitiu, em nota ao Estadão, que a “cidadã”, como se referiu a Luciene, de fato foi recebida por secretários do ministro Flávio Dino, como parte de uma comitiva e que, portanto, teria sido impossível para o setor de inteligência ter detectado sua presença.
No dia 19 de março, Luciane esteve com Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos de Flávio Dino. Pouco tempo depois, a 2 de maio, ela se encontrou com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
Na reunião do mês de maio, Luciane entrou no Ministério da Justiça como presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas (ILA), uma ONG de defesa dos direitos dos presos. À reportagem do Estadão, a Polícia Civil do Amazonas informou que a ONG atua em prol dos detentos ligados à facção criminosa. A organização também seria financiada com dinheiro do tráfico.
Luciane e Clenilson são casados há 11 anos e foram condenados em segunda instância por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa.
Atualmente, Clemilson cumpre pena de 31 anos no presídio de Tefé, mas ela, sentenciada a dez anos, recorre em liberdade.
De acordo com o Ministério Público do Amazonas (MP-AM), Clemilson tem “fama de indivíduo de altíssima periculosidade, com desprezo à vida alheia”.
Abaixo, a íntegra da nota do Ministério da Justiça:
“No dia 16 de março, a Secretaria de Assuntos Legislativos (SAL) atendeu solicitação de agenda da ANACRIM (Associação Nacional da Advocacia Criminal), com a presença de várias advogadas.
A cidadã mencionada no pedido de nota não foi a requerente da audiência, e sim uma entidade de advogados. A presença de acompanhantes é de responsabilidade exclusiva da entidade requerente e das advogadas que se apresentaram como suas dirigentes.
Por não se tratar de assunto da pasta, a ANACRIM, que solicitou a agenda, foi orientada a pedir reunião na Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
A agenda na Senappen e da ANACRIM aconteceu no dia 2 de maio, quando foram apresentadas reivindicações da ANACRIM.
Não houve qualquer outro andamento do tema.
Sobre atuação do Setor de Inteligência, era impossível a detecção prévia da situação de uma acompanhante, uma vez que a solicitante da audiência era uma entidade de advogados, e não a cidadã mencionada no pedido de nota.
Todas as pessoas que entram no MJSP passam por cadastro na recepção e detector de metais.”