MANAUS – O governador do Estado, Wilson Lima (PSC), participou, nesta segunda-feira (24), da reinauguração do Centro de Parto Normal Intra-hospitalar (CPNI) da Maternidade Balbina Mestrinho. O espaço, que passou por uma ampliação, foi pensado para estimular as gestantes a optarem pelo parto com o mínimo de intervenção possível.
Entre as novidades da reformulação do CPNI da Balbina Mestrinho estão as suítes com banheira com água aquecida para as grávidas que optarem por dar à luz na água e uma sala de parto preparada para receber indígenas, quilombolas e estrangeiras, de modo a respeitar as culturas e costumes tradicionais.
“Há algum tempo nós já estamos acompanhando a construção desse espaço.É um parto humanizado, em que a mulher tem a opção de escolher como é que ela vai passar esse momento tão importante da sua vida, com o acompanhamento de um grupo treinado para isso, além da ajuda do pai. Isso, sim, é respeito à primeira infância e à mulher”, afirmou o governador.
Interior
O governador explicou que os investimentos não se restringem somente à capital, mas também abrangem o interior do estado. O município de Tefé (distante 522 quilômetros) será o próximo a receber uma estrutura de parto humanizado como a inaugurada na Maternidade Balbina Mestrinho.
“Está entrando no nosso Plano Estadual de Saúde a ideia de humanizar as nossas maternidades. Isso passa por uma reforma de infraestrutura que também, logicamente, vai oferecer esse serviço à população. Não esquecendo de todo um processo de qualificação do nosso pessoal”, afirmou o secretário estadual de Saúde, Rodrigo Tobias.
O secretário destacou que o novo CPNI é um projeto que chega no momento em que o Governo do Amazonas busca fortalecer o conceito de humanização dos serviços na saúde, e a área materno-infantil simboliza bem essa fase.
“O centro atende às necessidades das mães amazonenses, no sentido de oferecer o ambiente favorável à produção da vida, ao nascimento dos nossos amazonenses com qualidade, oferecendo uma equipe multidisciplinar preparada para esse momento tão sensível que é a vida de um ser humano. A Secretaria de Saúde está sempre muito atenta a essa questão: oferecer serviço humanizado de qualidade para a população”, reforçou Rodrigo Tobias.
A reestruturação do CPNI da Balbina Mestrinho teve investimento de R$ 335.358,20, recursos do Fundo de Promoção Social e Erradicação da Pobreza (FPS), órgão do Governo do Estado que destina seus recursos para projetos que desenvolvam ações relacionadas às metas prioritárias do Governo.
Multicultural
A sala de parto multicultural, também chamada de suíte universal, terá protocolo diferenciado para inclusão étnico cultural de mulheres indígenas, quilombolas, estrangeiras e também para surdas que derem à luz na maternidade.
“Nós precisávamos efetivamente ter ações que aumentassem as opções para que a mulher pudesse escolher fazer o parto normal, e ainda escolher a melhor condição para isso. Conseguimos ampliar o Centro de Parto Normal de duas para quatro suítes. Com isso a gente consegue aumentar a demanda, que é a nossa meta para o Ministério da Saúde, que hoje está em 48%. Temos a chance de aumentar para 80% o número de partos normais realizados na Maternidade Balbina Mestrinho”, afirmou a diretora da unidade, Rafaela Faria.
O quarto conta com uma antessala para acompanhantes, com espaço para cerimônias e rituais religiosos, decorada com temas amazônicos. É a maior do complexo, com 30 metros quadrados. A equipe recebeu treinamento para lidar com parturientes de culturas e necessidades diferenciadas, como indígenas, quilombolas, estrangeiras e surdas.
Os profissionais estão sendo capacitados para atender em língua espanhola, Língua Brasileira de Sinais (Libras), além de contar com a tradução do Juramento ao Corte do Cordão Umbilical em Português, Espanhol e Tukano, que é a língua falada pelo maior número de parturientes indígenas atendidas na maternidade.
Números
Em média, 460 crianças nascem, por mês, na Balbina Mestrinho, a segunda maior maternidade do estado e também a mais antiga. O parto normal é indicado apenas às mulheres que fizeram pré-natal e não apresentam riscos para elas e o bebê.
A avaliação é feita no processo de admissão e, caso não haja impedimento, a mulher pode escolher a forma que achar mais confortável de dar à luz.
“A ideia é tornar a mãe e o pai os protagonistas no nascimento da criança”, afirma a diretora da maternidade, Rafaela Faria.
O novo Centro de Parto Normal Intra-hospitalar foi ampliado de duas para quatro suítes de até 30 metros quadrados, duas delas com banheira para nascimento na água e todas equipadas com métodos de alívio não farmacológico da dor – equipamentos para exercícios que ajudam na dilatação para estimular o parto normal.
As banheiras possuem água aquecida, que proporciona relaxamento e ajuda amenizar as dores das contrações. Todas as suítes possuem cama padrão PPP (Pré-Parto, Parto e Pós-Parto), além de chuveiro aquecido.
Incentivo ao parto normal
A implantação de centros de parto normal em maternidades do Estado segue as diretrizes da Política Nacional de Humanização preconizada pelo Ministério da Saúde (MS). É embasada na Portaria nº 11/2015, que redefine as diretrizes para implantação e habilitação de Centro de Parto Normal (CPN), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), para o atendimento à mulher e ao recém-nascido, no momento do parto e do nascimento, em conformidade com o Componente Parto e Nascimento da Rede Cegonha, considerando o direito das mulheres a ambientes de cuidados que favoreçam a realização das boas práticas de atenção ao parto e a nascimento.
O MS preconiza que somente 15% dos partos sejam realizados por cirurgia cesariana. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a prioridade para o parto normal, por oferecer menos riscos à saúde da mulher e do bebê.
No Amazonas, o número de partos normais ainda está muito aquém do que estabelece o MS. No ano passado, 39,3% dos nascimentos foi por intervenção cirúrgica, contra 69,7% de partos normais. De 76.755 partos realizados no estado, 46.694 foram normais e 30.251 cesarianas.
Conforme os dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), de janeiro a março de 2018, 39,2% (7.263) dos partos foram cirúrgicos, contra 40,5% (7.415) no mesmo período este ano. Já os partos normais representaram 60,8% do total de partos ou 11.261 nascimentos no primeiro trimestre 2018 – enquanto que, no mesmo período neste ano, 10.877 partos normais compreendem 59,5% do acumulado de nascimentos.