MANAUS – A primeira ação do grupo de trabalho montado pelo Ministério Público Estadual (MP-AM) no município de Coari foi recomendar à cantora sertaneja Marília Mendonça que não leve adiante o contrato firmado com a prefeitura para se apresentar na festa de aniversário da cidade.
No documento, publicado no Diário Oficial do MP-AM desta sexta-feira (13), os promotores advertem que a artista pode ser responsabilizada em uma ação civil pública caso aceite o cachê de R$ 533 mil que a prefeitura está disposta a pagar a ela por uma hora e meia de show.
Para o MP-AM, a cantora não pode aceitar o valor enquanto servidores e e aposentados do município têm salários e aposentadorias atrasados.
“A imagem construída da artista deixa impresso no espírito de todos que jamais aceitaria trabalhar em troca do sobrepujado suor de trabalhadores e alimento dessas famílias, formando reserva maculada pela inadimplência do também justo trabalho e de verbas de aposentadoria no momento do justo ‘descanso’, afetando diversas
pessoas que contam com somas ou valores bem menores do que os aqui referidos para garantir ou manter seu sustento e sobrevivência”, lê-se em um trecho da recomendação.
O documento é assinado pelos promotores Flávio Mota Moais da Silva, Weslei Machado, Armando Gurgel Maia, José Augusto Palheta Taveira Júnior, Leonardo Tupinambá do Valle e Sarah Clarissa Cruz Leão.
Os promotores dão dez dias para que Marília Mendonça, a empresa Sentimento Louco Produções Artísticas e seus sócios, tomem as providências necessárias ao cumprimento da recomendação.
O 86º aniversário de Coari está marcado para 1º, 2 e 3 de agosto. Segundo o MP-AM, somente com cachê das atrações nacionais, a prefeitura vai gastar R$ 1 milhão.
Reforço
Dois dias após o juiz titular da 1ª Vara da Comarca de Coari, Fábio Lopes Alfaia, retirar o promotor titular da mesma vara, Wesley Machado, de uma ação penal que tem como réu o prefeito de Coari, Adail José Figueiredo Pinheiro, conhecido como Adail Filho, o procurador-geral do Ministério Público Estadual (MP-AM) em exercício, Pedro Bezerra Filho, enviou mais oito promotores para atuar no município.
Na portaria publicada na edição do dia 5 deste mês do Diário Oficial do MP-AM, Pedro Bezerra Filho cria um grupo de trabalho para auxiliar os promotores locais na regularização dos processos da Comarca de Coari.
Agora, além dos dois membros titulares do município – Flávio Mota e Weslei Machado, o MP-AM vai atuar na cidade com os promotores George Pestana Vieira, Marina Campos Maciel, Roberto Nogueira, Adriana Monteiro Espinheira, José Augusto Palheta Taveira, Leonardo Tupinambá do Valle, Sarah Clarissa Cruz Leão e Armando Gurgel Maia.
Quatro promotores permanecerão atuando na cidade por 90 dias. E os outros quatro por seis meses.
A decisão do MP-AM ocorre no momento em que o prefeito da cidade se queixa de ser perseguido pelo MP-AM, em especial pela atuação de Wesley Machado. Foi com esse argumento que Adail Filho convenceu o juiz Fábio Lopes a afastar o promotor de um dos casos envolvendo o político. / L.P.