MANAUS – Em sua primeira entrevista após ter suas condenações anuladas e sido autorizado a disputar eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu que a população brasileira não siga “decisões imbecis” do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, se referindo à trágica administração do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus.
A coletiva de imprensa ocorreu no Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo.
“Não me importa de que país, não me importa se é duas ou uma e quero fazer propaganda pro povo brasileiro. Não siga nenhuma decisão imbecil do Presidente da República ou do Ministro da Saúde. Tome vacina. Tome vacina porque a vacina é uma das coisas que pode livrar você do Covid. Mas, mesmo tomando vacina, não ache que pode tomar vacina e já tirar camisa, ir pro boteco pedir uma cerveja gelada e ficar conversando. Não. Precisa continuar fazendo o isolamento e continuar usando máscara e álcool-gel. Pelo amor de Deus”, afirmou.
“Vacina não é uma questão de se tem dinheiro ou não tem dinheiro, é questão de saber qual é o papel do presidente da República para cuidar de seu povo”, disse Lula.
O político destacou que, por ter 75 anos, tomará a primeira dose da vacina contra a Covid-19 na próxima semana.
Política armamentista
O ex-presidente criticou a prioridade do governo Bolsonaro em armar a população civil e afirmou que quem precisa de armamento são as Forças Armadas e as polícias Civil e Militar.
“Quem está precisando de arma são as nossas Forças Armadas. Quem está precisando de arma é a nossa polícia, que muitas vezes sai para combater o crime com um 38 velho enferrujado”, lançou Lula em tom de candidato às eleições presidenciais de 2022.
Lula, ao falar da crise econômica que o país atravessa e da falta de planejamento para a geração de emprego e renda aos mais pobres, tratou Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, como desvairados.
Lava-Jato e prisão
O ex-presidente Lula afirmou que não tem mágoas pela condenação e pelos 580 dias em que permaneceu preso na superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
O sindicalista disse ter sido vítima da maior “mentira jurídica” nos últimos 500 anos da história do Brasil, porém, depois da decisão tomada pelo ministro Edson Fachin, do STF, disse que a Lava-Jato desapareceu de sua vida.
“Se tem um brasileiro que tem razão de ter muitas e profundas mágoas, sou eu. Mas não tenho. Sinceramente, eu não tenho porque o sofrimento que o povo brasileiro está passando é infinitamente maior que qualquer crime que cometeram contra mim. É maior que cada dor que eu sentia quando estava preso na Polícia Federal”, afirmou Lula.
Sérgio Moro
Lula refez as críticas aos procuradores da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba e, principalmente, ao ex-ministro da Justiça Sergio Moro. O ex-presidente afirmou que continuará lutando pela suspeição de Moro.
“Nunca teve envolvimento meu com a Petrobras, e todo o sofrimento que eu passei acabou. Estou muito tranquilo. O processo vai continuar. Já fui absolvido em todos os processos fora de Curitiba. Mas nós vamos continuar brigando para o Moro ser considerado suspeito, porque ele não tem o direito de se transformar no maior mentiroso da história do brasil e ser considerado herói por aqueles que queriam me culpar”, falou o ex-presidente.