MANAUS – Excluindo de seu discurso a possibilidade de impeachment, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez nesta quarta-feira, 8, um discurso onde ensaiou elevar o tom de crítica ao presidente Jair Bolsonaro, mas que acabou em sinais de apatia, travestida de paz.
Bolsonaro declarou abertamente que não respeitará “qualquer decisão” do ministro Alexandre de Moraes, incitando seus apoiadores contra a Corte. O presidente xingou o magistrado de “canalha” e pediu sua saída diante de cerca de 125 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, que o acompanhavam na Avenida Paulista, neste 7 de Setembro, repetindo o discurso golpista que já adotara pela manhã em Brasília. O presidente disse ainda que só aceita eleições com contagem pública dos votos, reprisando críticas ao Congresso Nacional.
“É hora de dar um basta nessa escalada e nas bravatas”, disse Lira. “Não vejo como possamos ter ainda mais espaço para radicalismo e excessos”, seguiu o presidente da Câmara, sem citar Bolsonaro.
Lira tentou demonstrar que não irá se deixar levar nem pelo radicalismo bolsonarista nem pela pressão da oposição pelo impeachment: “Esperei até agora para me pronunciar porque não queria ser contaminado pelo calor de um ambiente já por demais aquecido. Não me esqueço um minuto que presido o Poder mais transparente e democrático.”
“Nossa casa tem compromisso com o Brasil real, que vem sofrendo com a pandemia, com o desemprego e a falta de oportunidades. Na Câmara dos Deputados, aprovamos o auxílio emergencial e votamos leis que facilitaram o acesso à vacinação. Avançamos na legislação que permite a criação de mais emprego e mais renda. A Casa do povo seguiu adiante com as pautas do Brasil, especialmente as reformas. Nunca faltamos para com os brasileiros. A Câmara não parou diante de crises que só fazem o Brasil perder tempo, perder vidas e perder oportunidades de progredir, de ser mais justo e de construir uma Nação melhor para todos”, disse Lira.