MANAUS – Em discurso nesta quarta-feira na CPI da Covid no Senado, o líder do governo senador Fernando Bezerra (MDB) afirmou que a gestão de Jair Bolsonaro não foi responsável pela crise de oxigênio no Amazonas em janeiro deste ano.
Segundo o senador, o colapso da rede de saúde do Amazonas foi um ” episódio de força maior, em face de uma cepa mais forte e contagiosa”, acentuada por um sistema de saúde já “debilitado”.
Fernando Bezerra ressaltou que a empresa juridicamente responsável pelo abastecimento de oxigênio dos hospitais em Manaus, a White Martins, sequer foi ouvida pela CPI.
“A responsabilidade jurídica contratual para fornecimento de oxigênio no Amazonas era exclusivamente da White Martins, que sequer foi ouvida por essa Comissão Parlamentar de Inquérito”, disse o senador.
O líder do governo no Senado destacou as ações do governo federal no Amazonas, como a ação de transporte de oxigênio para Manaus, como o apoio do Comando Militar da Amazônia (CMA).
Abaixo a íntegra do discurso de Fernando Bezerra sobre o Amazonas:
“O colapso na saúde ocorrido no Estado do Amazonas, mais especificamente em sua capital Manaus, mostrou-se um episódio de força maior, em face de uma cepa mais forte e contagiosa, que resultou em uma acentuada demanda por oxigênio pela rede hospitalar e pela população. O sistema de saúde já estava debilitado, além de persistirem as já conhecidas dificuldades de logística na região. A responsabilidade jurídica contratual para fornecimento de oxigênio no Amazonas era exclusivamente da White Martins, que sequer foi ouvida por essa Comissão Parlamentar de Inquérito. Não houve qualquer omissão do governo federal no que diz respeito à crise de desabastecimento de oxigênio em Manaus. Equipes do Ministério da Saúde e o próprio ministro estiveram in loco para discutir a crise e propor soluções. O Comando Militar da Amazônia foi mobilizado para auxiliar na logística e transporte de oxigênio, remessas de oxigênio foram enviadas, e foi garantido transporte seguro de pacientes para outras localidades.”
Relatório final
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) apresenta nesta quarta-feira (20) à CPI da Covid a versão final do relatório com recomendação de indiciamento do presidente Jair Bolsonaro e outras 65 pessoas.
O relatório não pede o indiciamento nenhuma autoridade do Amazonas. Para o senador, o colapso do setor de saúde em meio à pandemia no Estado teve como principal responsável o governo federal.
Durante os trabalhos da CPI, o ex-secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, chegou a ser ouvido.
Na ocasião, os senadores fizeram duras críticas a Marcellus na condução do combate à pandemia.
Os senadores tentaram ouvir também Wilson Lima (PSC). No entanto, decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) garantiu que o governador pudesse recusar o convite, o que foi feito.
A proposta de relatório de Renan está sendo lida nesta quarta-feira e depois será discutida entre os membros da comissão.
Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado