Da Redação |
O líder do governador Wilson Lima (PSC) na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), deputado estadual Felipe Souza (Patriotas), disse nesta quinta-feira (3) que as vacinas contra Covid aplicadas em crianças são experimentais e sem eficácia.
O deputado fez a afirmação ao manifestar contrariedade ao anúncio do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), de que as escolas da rede municipal irão exigir comprovante de vacinação contra a Covid.
Felipe Souza disse na sua intervenção em debate no plenário da ALE-AM que é favorável à vacinação, mas não à obrigatoriedade da imunização para se frequentar a escola ou qualquer outro lugar.
Apesar de se dizer favorável à vacina, o parlamentar usou dois dos principais argumentos falsos utilizados no Brasil para desestimular a vacinação: que o imunizante é experimental e que não tem eficácia.
“Apesar dessa vacina contra Covid ser experimental, eu sou favorável que as pessoas se vacinem. E me vacinei. Minha esposa, minhas filhas, minha mãe, minha família se vacinou. Sou favorável, embora experimental, tá lá na bula”, declarou o deputado em um trecho de sua fala.
Consulta ao site Imuniza Manaus, da prefeitura, mostra que Felipe Souza está sendo convocado para tomar a 3ª dose da vacina.
Veja a íntegra da fala do deputado no vídeo abaixo:
Felipe Souza é presidente do Patriotas, partido que abriga Coronel Menezes, bolsonarista que também já se manifestou contra a obrigatoriedade da vacinação para crianças.
Coronel Menezes é pré-candidato ao Senado. Ele declarou no final do ano passado que deixaria o Patriotas para se filiar ao PL, novo partido de Bolsonaro.
Informação falsa
É falso que as vacinas utilizadas no Brasil são experimentais.
A autorização para vacinação de crianças de 5 a 11 anos no Brasil com o imunizante da Pfizer foi dada pela Anvisa, órgão do governo federal, e veio após uma análise técnica criteriosa de dados e estudos clínicos conduzidos pelo laboratório.
Segundo a equipe técnica da Anvisa, as informações avaliadas indicam que a vacina é segura e eficaz para o público infantil.
Para a avaliação da ampliação da faixa etária dessa vacina, a Agência contou com a consulta e o acompanhamento de um grupo de especialistas em pediatria e imunologia que teve acesso aos dados dos estudos e resultados apresentados pelo laboratório.
O olhar de especialistas externos foi um critério adicional adotado pela Anvisa para que o uso da vacina por crianças fosse aprovado dentro dos mais rigorosos critérios, considerando para isso o conhecimento de profissionais médicos que atuam no dia a dia com crianças e imunização.
Participaram especialistas da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Em nota à redação, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) informou que as vacinas têm segurança e eficácia comprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Leia a nota:
A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) informa que segue as orientações do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde (PNI/MS) já determinadas via documentação técnica.
Os imunizantes utilizados pelo PNI no Amazonas, para todos os grupos etários, possuem segurança e eficácia atestadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A reportagem pediu um posicionamento da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (Semsa) sobre a fala do deputado. Não houve resposta até a publicação da matéria.
Cobertura baixa
A exigência de comprovante de vacinação é uma medida da Prefeitura de Manaus para tentar ampliar a cobertura vacinal das crianças.
Após 17 dias do início da vacinação do público infantil, somente 9% da população apta para receber o imunizante foi vacinada em Manaus.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (Semsa), A meta é vacinar 90% da população estimada em 260.721 crianças nessa faixa etária.
Exigência de vacinação é regra na ALE-AM
O passaporte vacinal, com é conhecida a exigência de comprovante de vacinação, é exigida em vários órgãos públicos no Estado. Um deles é a própria ALE-AM.
O deputado não se manifestou sobre a obrigatoriedade de vacinação para entrar na ALE-AM.
Wilson é contra obrigação
No dia 1º, o governador foi provocado a se manifestar sobre a decisão da Prefeitura de Manaus.
Wilson Lima disse que não iria entrar na “polêmica”, mas em seguida afirmou que o governo dele não quer obrigar ninguém a se vacinar, mas sim “conscientizar a população” sobre a importância da imunização.
Aliado de Bolsonaro, Wilson evita qualquer declaração que possa confrontar o presidente da República, que é um declarado oposição à vacinação no país.
Bolsonaristas reagem
Os deputados bolsonaristas Delegado Péricles (PSL) e Fausto Jr. (MDB) apresentaram um projeto para impedir que se exija comprovante de vacinação contra Covid no Amazonas.
A informação foi divulgada por Péricles. O parlamentar também diz ser a favor da vacina.
Para ele, cabe aos pais decidirem se vale à pena vacinar os filhos.
O deputado Sinésio Campos, do PT, disse que a iniciativa dos parlamentares atenta contra a campanha de vacinação.
O petista disse que “se a moda pega”, o país pode ver o retorno de várias doenças que hoje são erradicadas justamente pela obrigatoriedade da vacinação.
Péricles rebateu dizendo que as vacinas obrigatórias no país “têm eficácia comprovada”.