MANAUS – A levantadora de toadas do boi Caprichoso, Mara Lima, 46 anos, usou as redes sociais nesta quinta-feira, 18, para relatar que foi vítima de agressão física praticada por um religioso por vestir uma camisa do boi-bumbá. No vídeo, a cantora denuncia que o agressor repetia que “o boi é do demônio” e chegou a morder seu rosto e seios.
O ataque foi no início da noite de quarta-feira, 17, numa rua por trás do hipermercado DB, Zona Norte de Manaus.
“Eu fui pega de surpresa. Eu peguei um soco no nariz e essas escoriações aqui foram com uma chave de carro, quase fura meu olho, faltou poucos centímetros. Isso aqui a pessoas tentou morder e mordeu meus seios. Eu tentei me defender sim porque eu não ia apanhar de graça. Ainda mais sem saber o porquê de está apanhando. Tenho 46 anos e nunca agredi ninguém, mas fui xingada, ofendida na minha dignidade perante várias pessoas nas ruas”, detalhou Mara.
A levantadora afirma que policiais militares chegaram ao local a tempo de prender o agressor.
“Graças a Deus a polícia chegou a tempo e conseguiu deter a pessoa, inclusive foi algemada, porque também tentou agredir os policiais”, disse. “Eu não vou falar para vocês quem é, mas quem é do meu convívio sabe. É triste e inadmissível que me pleno 2024 a gente ainda viva certas situações”, declarou a cantora no início do vídeo compartilhado nas redes sociais.
Em nota, o Boi Caprichoso repudiou o episódio. “Mara foi agredida apenas por andar com uma camisa de boi-bumbá, tendo sua vida e o próprio bumbá associados ao demônio. A intolerância mata. Somos cultura e resistência. Respeitamos toda e qualquer forma de manifestação religiosa e a liberdade de exercê-la, lembrando sempre a laicidade do Estado: o respeito precisa ser bandeira de todos e todas. O que deve ser repreendida é toda e qualquer forma de violência, especialmente contra nossas mulheres!”, diz trecho da nota.
Abaixo, a íntegra da nota do Boi Caprichoso:
Minha cultura não é demoníaca: toda solidariedade a Mara Lima!
O Boi Caprichoso se solidariza com a cantora Mara Lima, vítima de intolerância religiosa transformada em agressão física, em mais um retrato dos riscos do fanatismo aliado à violência. Mara foi agredida apenas por andar com uma camisa de boi-bumbá, tendo sua vida e o próprio bumbá associados ao demônio. A intolerância mata. Somos cultura e resistência. Respeitamos toda e qualquer forma de manifestação religiosa e a liberdade de exercê-la, lembrando sempre a laicidade do Estado: o respeito precisa ser bandeira de todos e todas. O que deve ser repreendida é toda e qualquer forma de violência, especialmente contra nossas mulheres! Força, Mara!