MANAUS – A letalidade do novo coronavírus entre pacientes graves submetidos ao protocolo de tratamento com Cloroquina no Amazonas é de 13%, percentual menor que em outros países, que registram letalidade de 18% a 20%.
A informação foi divulgada nesta segunda-feira (6) pelo infectologista Marcus Vinícius Lacerda, que integra a equipe responsável pelo estudo.
Ao lado do governador do Amazonas, Wilson Lima, em uma live transmitida nas redes sociais do Governo do Amazonas, o infectologista apresentou alguns dos resultados do estudo após duas semanas. Nesses 14 dias, 81 pacientes graves receberam doses do medicamento. Desses, 11 morreram.
“Nós pegamos dados da literatura internacional, pegamos outros países que fizeram esse processo de internação e a letalidade, ou seja, o risco de morrer, que era de 18%. Nos nossos pacientes, todos que usaram a cloroquina, esse risco ficou em 13%, portanto, pouco mais baixo que o relatada na literatura internacional. Apesar desse benefício não ser tão superior, houve algum benefício e a gente vai continuar incluindo pacientes no uso de cloroquina”, disse Lacerda.
Marcus Vinícius disse que outro resultado que o estudo em curso no Amazonas atingiu foi constatar que doses mais altas do medicamento podem agravar o quadro dos pacientes, provocando efeitos colaterais como arritmia.
“Nós testamos duas doses de cloroquina, sendo uma dose que tem sido usada pelos americanos e outros países, e uma dose que os chineses utilizaram, que é uma dose muito alta. A nossa conclusão é que essa dose muito alta feita por dez dias ela de fato tem mais toxicidade, ela levou mais pacientes para a internação. Então nós estamos desaconselhando que essas doses altas sejam usadas”, declarou o pesquisador.
Segundo o infectologista, é a primeira vez que se faz esse tipo de verificação dos efeitos de doses elevadas do medicamento nos pacientes. O resultado será publicado em revistas científicas, informou Marcus Vinícius.
“Não existia até então um trabalho utilizando essas duas doses e comparando a toxicidade dessa dose maior, e nós fizemos isso pela primeira vez”, afirmou.
A Cloroquina é comumente usada no tratamento da malária, e passou a ter os efeitos estudados em pacientes com Covid-19 em todo o mundo após alguns terem apresentado boa recuperação depois de serem medicados com a droga.
Apesar de alguns resultados positivos, nenhum estudo realizado até aqui foi conclusivo sobre o real potencial do medicamento para a Covid-19. Segundo Marcus Vinícius, é preciso aguardar que mais pacientes sejam tratados com Cloroquina para que se tenha de fato um campo mais amplo e real de seus efeitos.
Atualmente, o estudo do Amazonas só usa a Cloroquina em pacientes graves. O pesquisador informou que nos próximos dias o protocolo de pesquisa avançará para pacientes menos graves.
O infectologista desaconselhou o uso do medicamento sem prescrição médica.
A dose do medicamento administrada nos pacientes do Hospital e Pronto-Socorro Delphina Aziz, em Manaus, onde o estudo é realizado, segundo o infectologista, é a indicada pelo Ministério da Saúde.
Já a dose mais alta, que o estudo demonstrou que pode ser prejudicial ao paciente, é a que foi aplicada em alguns pacientes na China.