MANAUS – Nos últimos meses, o Banco Central elevou a taxa Selic para 14,25% ao ano, uma medida que tem gerado discussões sobre os efeitos dessa decisão nas finanças e na economia brasileira. Essa alta, embora essencial para combater a inflação, levanta questionamentos sobre o futuro do crédito no país.
O economista Marcus Evangelista destaca os principais fatores que motivaram o aumento da Selic e orienta sobre como pessoas físicas e jurídicas podem se planejar diante do cenário de juros elevados. Ele aponta estratégias essenciais para lidar com as mudanças econômicas, ajudando tanto consumidores quanto empresários a tomar decisões mais assertivas em um ambiente de custos financeiros mais altos.
“A decisão do Banco Central de aumentar a Selic não foi tomada de forma isolada. Vários fatores influenciaram essa medida, que busca controlar a inflação e manter a estabilidade econômica. Com uma inflação anual de 5,26%, o Banco Central precisou adotar medidas mais agressivas para trazer a inflação de volta à meta, que é de 3%. A alta da Selic visa reduzir a demanda interna, o que pode ajudar a desacelerar a pressão inflacionária”, explica o economista.
O especialista em finanças também aponta que a falta de clareza sobre a sustentabilidade das contas públicas e o temor de um possível descontrole fiscal também contribuíram para a decisão. A estabilidade fiscal é essencial para manter a confiança dos investidores e garantir que a inflação não fuja do controle.
“O ambiente externo é desafiador. O cenário global, com a desvalorização do real e pressões inflacionárias em outros países, também teve impacto. O Brasil não é imune às flutuações econômicas internacionais, e a alta da Selic ajuda a proteger a moeda e controlar a inflação, especialmente quando o real se desvaloriza frente ao dólar”, pontua.
Embora a elevação da Selic seja uma medida tradicional para conter a inflação, explica Evangelista, seus efeitos podem levar mais tempo para se manifestar de maneira completa. O Banco Central prevê que a inflação se aproxima da meta de 3% apenas no terceiro trimestre de 2027. Isso significa que, mesmo com as altas taxas de juros atuais, o controle da inflação será gradual.
Crédito imobiliário
O CEO da Exithus Consultoria, presente no mercado há mais de 22 anos e que se destaca por linhas de crédito personalizadas, explica que com a taxa de juros elevada, os financiamentos imobiliários se tornam mais caros.
“Para quem pretende adquirir um imóvel em 2025, uma alternativa interessante pode ser o consórcio. Ao optar por essa modalidade, o comprador não paga juros, mas apenas uma taxa de administração que gira em torno de 0,12% ao mês. Essa opção pode ser vantajosa para quem não tem pressa em adquirir o imóvel e pode aguardar a contemplação do consórcio. No entanto, é preciso ter em mente que o consórcio pode ser uma escolha mais lenta em relação ao financiamento convencional”, diz o empresário.
O empresário do ramo imobiliário Jorge Ayub, explica que a alta da Selic encarece o crédito e impacta diretamente o setor imobiliário, reduzindo o apetite por financiamentos.
“Em tempos de juros elevados e incertezas globais, como a guerra tarifária dos EUA, o imóvel volta a ser protagonista como proteção de portfólio. Trata-se de um ativo real, que preserva valor e pode gerar renda constante. Para quem deseja adquirir, o consórcio se destaca como alternativa eficiente. Um imóvel de R$ 1 milhão, por exemplo, pode ser pago em até 180 meses com parcelas abaixo de R$ 3 mil, bem abaixo de um financiamento tradicional. Isso permite planejamento e preservação do patrimônio com inteligência”, explica o sócio da Many Imóveis e Punkt Imóveis.
Abertura de empresas
Ainda de acordo com Marcus Evangelista, uma das principais alternativas para empreendedores que pretendem financiar a abertura de empresas ou a aquisição de bens voltados para negócios, especialmente em um cenário de alta da Selic, é buscar linhas de crédito com taxas subsidiadas e prefixadas.
“Essas opções oferecem condições mais favoráveis, com taxas de juros mais baixas e previsíveis, o que ajuda a minimizar o impacto das altas taxas de juros no custo total do financiamento. Assim, os empreendedores podem planejar melhor seus investimentos e garantir maior estabilidade financeira para suas empresas”, explicou.
Marcus Evangelista também explica que, embora os financiamentos possam ser uma ferramenta útil para alavancar negócios e atender necessidades pessoais, é importante estar ciente dos riscos envolvidos.
“Endividamento excessivo é um dos maiores riscos do financiamento é o comprometimento de parte significativa da renda com parcelas, o que pode gerar dificuldades financeiras no futuro. Com altas taxas de juros, especialmente em períodos de Selic elevada, os custos do financiamento podem ser elevados, tornando o pagamento mais oneroso. A inadimplência também pesa. Caso não seja possível honrar com os pagamentos, o financiamento pode resultar em restrições de crédito e até mesmo a perda de bens dados como garantia”, alertou.
O financiamento, ainda segundo o CEO da Exithus Consultoria, oferece a possibilidade de acesso rápido ao capital necessário, seja para a compra de um imóvel, um veículo ou para expandir um negócio. “Há também a possibilidade de alavancagem. No caso das empresas, a utilização de crédito pode permitir a expansão das operações e o aumento das receitas”, concluiu.