MANAUS – A juíza federal Ana Paula Serizawa transferiu para os dias 8 e 11 de junho os depoimentos das testemunhas de defesa e acusação dos processos oriundos das operações “Custo Político” e “Estado de Emergência”, desdobramentos da operação “Maus Caminhos”.
Programados para a sexta-feira (27), os depoimentos foram adiados após a defesa dos réus argumentarem que não tiveram acesso às provas, como duas interceptações telefônicas e ainda a íntegra do conteúdo da delação da enfermeira Jennifer Nayara, única ré até hoje a assinar colaboração premiada na “Maus Caminhos”.
No termo de audiência em que reagendou os depoimentos das testemunhas, a juíza sustenta que cabe ao Ministério Público Federal (MPF) se encarregar de reunir a íntegra dos documentos que constam na denúncia oferecida à Justiça, sob pena de invalidar o caso.
Para o dia 8 de junho, às 8h, foram agendados os depoimentos das testemunhas de acusação e de defesa do ex-governador José Melo; da ex-primeira-dama Edilene Gomes; do ex-secretário de Saúde (Susam), Wilson Alecrim; ex-secretário-executivo da Susam, José Duarte; a ex-assessora de Alecrim, Ana Cláudia Gomes; ex-chefe da Casa Civil, Raul Zaidan e da ex-presidente do Fundo Estadual da Saúde (FES), Keytiane Evangelista.
No dia 11 de junho, serão ouvidas no mesmo horários as testemunhas de Evandro Melo (ex-Sead), Pedro Elias (ex-Susam) e Afonso Lobo (ex-Sefaz).
O caso
Suspeitos de desviar recursos superiores a R$ 110 milhões da saúde do Amazonas, o grupo responde pelos crimes de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Melo, para o MPF, manteve os secretários em pastas estratégicas e essenciais para que o esquema pudesse ser desenvolvido com êxito. Tanto que no topo da lista de recebimento de propina está seu braço direito e irmão, Evandro Melo, que comandava a Secretaria de Administração e Gestão (Sead), que, segundo a PF, ganhou R$ 5,7 milhões durante o esquema.
Já a ex-primeira-dama, denunciada por organização criminosa, é suspeita de impedir ou embaraçar a investigação, após retirar objetos guardados na empresa Para Guardar. Durante a operação Estado de Emergência, a PF apreendeu as chaves dos boxes, em seguida, Edilene foi até o local e ordenou que os boxes onde ela e Melo guardavam documentos fossem arrombados, retirando parte do material.
A estimativa é de que R$ 20 milhões tenham sido pagos em propina, conforme o procurador da república Alexandre Jabur.
Testemunhas
Na lista de testemunhas que seriam ouvidas na sexta-feira (27), além da enfermeira Jennifer Nayara, estavam: Thomaz Nogueira (ex-secretário de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Seplan-CTI)); Clóvis Smith (ex-procurador-geral do Estado); Luiz Gonzaga Campos de Souza; Winston Ney Seixas Santos; Juscelino Machado Mota; Jorge Alvaro Marques Guedes; Ronilson Leite Brasil; Rubem Alves da Silva Júnior; Luiz Gonçalves Aires Alves; Ivan da Costa Silva e José Wilson de Souza. / J.A.