MANAUS – A juíza federal Ana Paula Serizawa, titular da 4ª Vara da Justiça Federal, marcou para o dia 5 de junho os depoimentos das testemunhas de defesa do ex-governador José Melo, da ex-primeira-dama, Edilene Gomes e dos ex-secretários Evandro Melo (ex-Sead) e Afonso Lobo (ex-Sefaz), no processo da operação “Maus Caminhos”.
No dia 7 do mesmo mês também serão ouvidas as testemunhas dos réus José Duarte dos Santos, Ana Claudia da Silveira Gomes, Keytiane Evangelista e dos ex-secretários Pedro Elias (ex-Susam), Raul Zaidan (ex-Casa Civil) e Wilson Alecrim (ex-Susam), que “deverão ser apresentadas em audiência independentemente de intimação”.
Nos dois dias, as audiências iniciarão às 8h, segundo decisão assinada por Serizawa.
Testemunhas de acusação
No dia 28 de maio, às 8h, serão ouvidas, de acordo com a magistrada, as testemunhas de acusação no processo da operação “Maus Caminhos”.
“As audiências para oitiva de testemunhas que não puderem ser encerradas na data designada serão suspensas e retomadas nos dias imediatamente seguintes”, escreveu a magistrada em trecho da decisão.
Operação Maus Caminhos
Em 2016, a Operação Maus Caminhos desarticulou um grupo que desviava recursos públicos por meio de contratos firmados com o governo do estado para a gestão de três unidades de saúde em Manaus, Rio Preto da Eva e Tabatinga, feita pelo INC, instituição qualificada como organização social.
As investigações que deram origem à operação demonstraram que, dos quase R$ 900 milhões repassados, entre 2014 e 2015, pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) ao Fundo Estadual de Saúde (FES), mais de R$ 250 milhões teriam sido destinados ao INC. A apuração indicou o desvio de pelo menos R$ 50 milhões em recursos públicos, além de pagamentos a fornecedores sem contraprestação ou por serviços e produtos superfaturados, movimentação de grande volume de recursos via saques em espécie e lavagem de dinheiro pelos líderes da organização criminosa.
As operações Custo Político, Estado de Emergência e Cashback, desdobramentos da Operação Maus Caminhos, mostraram, ainda, o envolvimento de agentes públicos, políticos da alta cúpula do Executivo estadual, entre eles o ex-governador José Melo, e pessoas ligadas a agentes públicos em um esquema de propina criado para acobertar e colaborar com os desvios feitos pelo grupo que geria as unidades de saúde, liderado pelo médico Mouhamad Moustafa.