Da Redação |
O juiz Túlio de Oliveira Dorinho foi afastado de suas funções pela Corregedoria do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) após conceder liberdade provisória ao Juan Carlos Urriola, um traficante colombiano preso em flagrante com 1,3 tonelada de entorpecentes.
A informação foi confirmada por fontes do TJ-AM ao Estado Político.
Em sua defesa, o magistrado argumentou que Urriola não possuía antecedentes criminais.
No sábado, 1º de março, o Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) ingressou com um recurso contra a decisão que concedeu liberdade provisória a Juan Carlos Urriola.
Durante a audiência de custódia, realizada no Fórum Ministro Henoch Reis, o MP-AM solicitou a prisão preventiva do suspeito, argumentando que a expressiva quantidade de drogas indicava um esquema profissional de tráfico e que a falta de residência fixa no Brasil representava risco de fuga.
Diante da decisão do juiz, o promotor Marcelo Augusto Silva de Almeida ingressou com o recurso, pedindo a revogação da liberdade provisória e a decretação da prisão preventiva.
“O Ministério Público entende que a soltura do investigado, considerando a grande quantidade de drogas apreendidas, compromete a ordem pública e a credibilidade do sistema de Justiça”, declarou o promotor na ocasião.
Prisão
O caso ocorreu na última terça-feira (25), quando Juan Carlos Urriola foi detido durante a operação Fronteira Mais Segura, em Santa Isabel do Rio Negro, município do interior do Amazonas.
A droga apreendida foi transportada para Manaus, onde foi apresentada à imprensa como parte das ações de combate ao narcotráfico na região.
A quantidade de entorpecentes, considerada expressiva pelas autoridades, chamou a atenção e levantou questionamentos sobre a decisão do juiz de conceder liberdade provisória ao acusado.
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Segundo a Polícia Civil do Amazonas, a ação representou um prejuízo financeiro estimado em R$ 20 milhões para o crime organizado.
“Nesta operação, foi apreendida 1,3 tonelada de maconha do tipo skunk na região do Parque Nacional do Pico da Neblina, próximo a São Gabriel da Cachoeira”, disse o delegado-geral Bruno Fraga em entrevista na quinta-feira, 27.
Fraga explicou que, após meses de investigação, foi identificado um aumento da atuação do tráfico na rota do Alto Rio Negro. Tradicionalmente, as regiões do Alto e Baixo Solimões já são conhecidas por serem utilizadas pelos criminosos devido à proximidade com as fronteiras do Peru e da Colômbia, especialmente na área próxima à Tabatinga (a 1.108 quilômetros da capital). As investigações apontaram que as organizações criminosas passaram a intensificar suas operações na região do Rio Negro e do Alto Solimões.
“Nosso trabalho de inteligência permitiu localizar esse acampamento utilizado como base para a descida da droga da Colômbia para o Brasil. O entorpecente seria posteriormente escoado para Manaus e distribuído para outros estados. Esse local era um ponto estratégico usado por diversas facções criminosas, e havia colombianos atuando no território brasileiro, fornecendo apoio logístico ao tráfico de drogas”, informou Bruno Fraga na ocasião.