MANAUS – Em depoimento à CPI da Saúde da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM), nesta segunda-feira (6), a jornalista Carla Pollake negou influenciar em decisões de governo na gestão Wilson Lima (PSC). Segundo a profissional de comunicação, ela presta assessoramento informal ao governador na área de imagem pessoal, sem nenhum vínculo empregatício ou contrato com o Executivo estadual.
“Não fiz nenhuma intervenção no governo. Nunca recebi nada. As minhas conversas, as minhas sugestões pontuais com o Wilson, com o governador, são feitas completamente de maneira não profissional. Até porque, eu sou uma profissional, como o senhor mesmo disse, renomada, e que se eu tivesse que fazer um trabalho profissional, a minha periodicidade iria ser regular, iria está envolvida em todos os projetos, e isso detém um tempo de dedicação que hoje eu não teria”, disse a jornalista.
Segundo Pollake, é publica a amizade que tem com o governador desde 2017, quando trabalharam na TV A Crítica. No entanto, no governo, apesar de ter sido convidada pelo governador, ela nunca atuou.
A jornalista disse que começou a prestar assessoria de imagem de Wilson ainda quando ele era apresentador do Alô Amazonas, programa da TV A Crítica, à época afiliada da TV Record no Amazonas.
A partir desse momento, contou Pollake, ela e o governador se tornaram amigos. Relação essa que seria o motivo do chefe do Executivo do Amazonas pedir aconselhamento informal de imagens a ela após ser eleito, em 2018.
Pollake foi convocada para depor na CPI, na condição de testemunha, depois de ter o nome citado por ex-secretários da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), Rodrigo Tobias e João Paulo Marques. Os dois ex-gestores informaram que a jornalista participava de reuniões de governo.
João Paulo declarou que Pollake foi responsável por apresentar a nova titular da Susam, Simone Papaiz, à cúpula da secretaria, em uma reunião na sede do governo. Tobias afirmou ter recebido uma ligação da jornalista indagando-lhe sobre o andamento de um projeto, “Anjos da Saúde”, orçado em R$ 6 milhões, desenvolvidos pela Agência Amazonense de Desenvolvimento Econômico e Social (Aades) com a Susam.
Durante a reunião da CPI, os deputados exibiram um cartão de visita oficial do Governo do Amazonas, no nome da jornalista. Nele, Pollake é identificada como consultora. O endereço de trabalho indicado é o da sede do governo, na avenida Brasil, zona Oeste de Manaus. A jornalista disse que o uso do cartão foi autorizado pelo governador.
Os deputados exibiram informações que indicam que o esposo de Pollake, Inácio Ferreira, é contratado do “Anjos da Saúde”. A jornalista negou, dizendo que o marido, que é psicanalista, atuou de forma voluntária no projeto.
A CPI exibiu textos e entrevistas do governo onde Inácio Ferreira é apresentado como contratado pelo projeto.
Ao final do depoimento, o presidente da CPI, deputado Delegado Péricles (PSL), informou que a comissão enviará ao Ministério Público Estadual (MP-AM) as informações a respeito de Pollake.
Segundo o deputado, a avaliação da CPI é a de que o MP-AM deve investigar a legalidade na atuação da jornalista junto ao Governo do Amazonas.
Foto: José Zamith/Ascom Delegado Péricles