MANAUS – Irmão do secretário de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), coronel Amadeu Soares, Ronan Marinho Soares, chefe da Casa Militar e ex-secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, foi preso na manhã desta quinta-feira (29), durante a operação Escuridão, da Polícia Federal, que investiga desvio de recursos públicos do sistema penitenciário de Roraima em contratos fraudulentos que somam R$ 70 milhões.
Além de Ronan, que como Amadeu também é coronel da Polícia Militar, outras dez pessoas foram presas pela PF, entre elas, Guilherme Campos, filho da governadora Suely Campos (PP), detido em Brasília, o ex-secretário de Justiça e Cidadania, Josué Filho, e o dono da empresa Qualigourmet, João Kleber Martins, presos em Boa Vista.
Também alvo de mandado de prisão, o empresário e deputado estadual eleito Renan Filho (PRB) se entregou à PF no final da manhã após ter sido considerado foragido.
Os policiais federais cumpriram 11 mandados de prisão preventiva e 20 de busca e apreensão em Boa Vista, capital de Roraima, e Brasília. Os mandados foram expedidos pelo Tribunal de Justiça do Estado de Roraima.
Nas buscas foram apreendidos carros de luxo, computadores, celulares, documentos e dinheiro. Os envolvidos foram levados à sede da PF onde estão sendo ouvidos e indiciados pelos crimes lavagem de dinheiro, organização criminosa, fraude licitatória e peculato.
Instaurado no ano passado, o inquérito policial foi precedido por investigações de supostas irregularidades em contratos de fornecimento de alimentação para presídios em Roraima. Segundo as apurações, o esquema começou em 2015, com a contratação emergencial de uma empresa constituída há apenas oito dias para cuidar da alimentação dos presos no estado.
Detalhes
As investigações mostram que a empresa, responsável pelo fornecimento da alimentação para presídios em Roraima, contratada em 26 de fevereiro de 2015 até os dias atuais, superfaturou o valor da alimentação, além de informar quantitativo superior de refeições ao que era efetivamente providenciado e de fornecer alimentos de baixa qualidade.
Os responsáveis pela empresa, que está em nome de laranjas, realizaram saques de aproximadamente 30% do valor dos contratos, em espécie, para o pagamento de propinas e para o enriquecimento ilícito dos reais proprietários do negócio.
Vários saques e repasses foram constatados pela PF por meio de filmagens feitas durante as investigações, que contou também com provas obtidas após representação da autoridade policial pela quebra do sigilo bancário e telefônico dos investigados.
O nome escuridão da ação policial é uma alusão à nona praga bíblica do Egito, que veio após um ataque de gafanhotos.