MANAUS – Reportagem do The Intercet Brasil, publicada neste sábado (25), afirma que o senador Flávio Bolsonaro financiou e lucrou com a construção ilegal de prédios erguidos pela milícia usando dinheiro público por meio do esquema de “rachadinha” dos salários de assessores na época em que ele era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALE-RJ).
A reportagem foi feita com base em documentos sigilosos e dados levantados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ).
Os advogados do senador, que é filho do presidente Jair Bolsonaro, já pediram por nove vezes que o procedimento seja suspenso.
“O andamento das investigações que fecham o cerco contra o filho de Jair Bolsonaro é um dos motivos para que o presidente tenha pressionado o ex-ministro Sergio Moro pela troca do comando da Polícia Federal no Rio, que também investiga o caso, e em Brasília”, afirma a reportagem, assinada pelo jornalista Sérgio Ramalho.
Os investigadores do MP-RJ, conforme a reportagem, dizem que chegaram à conclusão de que o esquema de Flávio na ALE-RJ financiou a construção de prédios de milicianos após cruzarem informações bancárias de 86 pessoas suspeitas de envolvimento no esquema ilegal.
Os dados da investigação mostrariam que o hoje senador receberia o lucro do investimento dos prédios através de repasses feitos pelo ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega – executado em fevereiro – e pelo ex-assessor Fabrício Queiroz.
O esquema, segundo a reportgem, funcionaria assim:
- Flávio pagava os salários de seus funcionários com a verba do seu gabinete na ALE-RJ.
- A partir daí, Queiroz – apontado no inquérito como articulador do esquema de rachadinhas – confiscava em média 40% dos vencimentos dos servidores e repassava parte do dinheiro ao ex-capitão do Bope, Adriano da Nóbrega, apontado como chefe do Escritório do Crime, uma milícia especializada em assassinatos por encomenda.
- A organização criminosa também atua nas cobranças de “taxas de segurança”, ágio na venda de botijões de gás, garrafões de água, exploração de sinal clandestino de TV, grilagem de terras e na construção civil em Rio das Pedras e Muzema.
- As duas favelas, onde vivem mais de 80 mil pessoas, ficam em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, e assistiram a um boom de construções de prédios irregulares nos últimos anos. Em abril do ano passado, dois desses prédios ligados a outras milícias desabaram, deixando 24 mortos e dez feridos.
- O lucro com a construção e venda dos prédios seria dividido, também, com Flávio Bolsonaro, segundo as investigações, por ser o financiador do esquema usando dinheiro público.
A reportagem na íntegra está disponível no link https://theintercept.com/2020/04/25/flavio-bolsonaro-rachadinha-financiou-milicia/
Até o fechamento deste registro, nem Flávio nem Jair Bolsonaro haviam se manifestado oficialmente sobre o assunto.